Barack Obama: uma vitória, uma derrota

“Yes we can!” A repetição da expressão – “Sim, nós podemos!” – no primeiro discurso de Barack Obama como candidato eleito à Presidência dos Estados Unidos, no dia 4, simboliza o empoderamento de um conjunto da população sistematicamente humilhada no país: os afro-americanos. São eles que tomaram as ruas para eleger Obama, que saíram às ruas para comemorar a eleição, que vêem nele uma esperança. O candidato democrata expressa uma ruptura com o passado segregacionista estadunidense e com a linha política republicana do atual presidente, George W. Bush.

O presidente eleito se apropria dos recursos do movimento anti-racismo. No discurso, numa praça de Chicago, maior cidade do Estado do Illinois, tomada por dezenas de milhares de apoiadores, especialmente afro-americanos, fez uso dos recursos retóricos das igrejas de base. Não faltaram referências à terra prometida, a esperança coletiva de um novo mundo, a promessas no sentido cristão do termo. “A estrada a nossa frente será longa. Nossa subida será ingrime. Talvez não consigamos alcançar nossos objetivos em um ano ou mesmo em um mandato, mas, América, nunca estive tão confiante quanto hoje que chegaremos lá. Prometo-lhe: nós, como um povo, chegaremos lá”, declarou.

Em vez de falar dos desafios macroeconômicos de seu governo, tema recorrente em sua campanha, Obama trouxe um rosto humano para sua eleição: Ann Nixon Cooper, de 106 anos. “Nasceu uma geração após o fim da escravidão; um tempo em que não havia carros nas estradas ou aviões no céu; um tempo em que uma pessoa como ela não podia votar por dois motivos, porque era uma mulher e em virtude da cor de sua pele. E, hoje, penso em tudo o que ela testemunhou em seu século nos Estados Unidos, os momentos difíceis e a esperança, a luta e o progresso, tempos em que nos disseram que não podíamos e tempos em que as pessoas avançaram movidas pelo grito estadunidense: ‘Sim, nós podemos!’” A multidão em Chicago repetiu, ao uníssono, “Sim, nós podemos!”. E o presidente eleito, ao longo de seu discurso, usou várias vezes a expressão e, como num coro, num paralelo com a dinâmica das missas estadunidenses, o povo repetiu.”
João Alexandre Peschanski, Brasil de Fato
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