Festas, festas...

“Ah, Os finais de ano! O homem e suas efemérides. Mesmo entre os nossos índios se marcava a passagem do tempo. Contavam-se as luas, celebravam-se os mortos em Kuarups, dançava-se a noite inteira e no dia seguinte também sobrevinha ressaca. Mas o homem urbano e a sociedade de consumo são imbatíveis na celebração de rituais. Quando pensamos que não existe mais nada o que inventar, a máquina de pegar os tolos põe novas engrenagens para moer.

Há invenção mais absurdamente complexa do que o casamento moderno? Várias indústrias se juntam para extorquir os centavos das famílias dos noivos. Pais, mães e filhos nubentes sentem-se culpados se deixam de cumprir algum item do consumo preconizado. As roupas compradas ou alugadas, maquiagens e cabeleireiros, bufê, decoração de igreja e salões, brindes para os convidados, orquestras (é sempre bom uma orquestra clássica e uma banda moderninha; ultimamente pode-se contratar uma escola de samba), fotógrafos (muitos de preferência), cinegrafistas, etc. e mil vezes etc.

E o que parecia interminável tornou-se mais infinito ainda. Agora, a equipe de fotografia e filmagem organiza uma festinha de pós-casamento, assim que os casais exaustos retornam da lua de mel. Um jantarzinho em que são mostrados vídeo e fotografias, para os noivos escolherem o que mais gostam. Os vendedores enchem as paredes de fotografias ampliadas, uma profusão delas, para o casal escolher as melhores. Mas todas ficaram ótimas, já tiveram tratamento de imagem, os defeitos foram camuflados e torna-se difícil escolher.”
Ronaldo Correia de Brito, Terra Magazine
Artigo Completo, ::Aqui::

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