A constatação da alteridade

"Agathe Cléry pretende ser um filme sobre o racismo, com um roteiro que toma todas as precações possíves para não ser considerado ele mesmo racista. Se não é de modo algum crítico, social nem irônico, talvez ele seja simplesmente bom moço, politicamente correto

Bruno Carmelo, LMD Brasil

Se em português os termos “preto” e “negro” distinguem a cor da raça, em francês a palavra é uma só. “Noir” se encarrega ao mesmo tempo de duas idéias bem distintas, e por isso o slogan “Ela é branca. Ela é racista. Ela vai virar negra”, pode ser interpretado também como “preta”. Isso porque Agathe Cléry é uma pessoa que, do dia para a noite, não muda de raça, mas de cor.

Mas vamos com calma. Há pelo menos três momentos distintos nesse filme. O primeiro deles diz respeito à apresentação de Agathe, que o roteiro (com suas cenas musicais) encarrega de rotular de racista, mesmo se seus defeitos são múltiplos. Para deixar claro que se critica a posição da protagonista, esta racista é também arrogante, falsa, nervosa e mimada. Em contraposição, o mundo ao redor é tolerante, gentil e amigável. E fez-se o maniqueísmo.

Por que exatamente ela é racista? Isso vem da criação, de uma posição política? Agathe acredita que eles sejam menos competentes, perigosos? Nada disso. Quando finalmente confrontada as suas razões, essa empresária de sucesso regressa aos argumentos mais infantis: “eles são feios, idiotas, têm lábios e narizes grossos”.
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