Manhã de sol, dia de frio, madrugada de gelo e amanhã incerto

A cidade de São Paulo tem mais de 16 mil pessoas em situação de rua e, oito mil vagas em albergues

Joelma do Couto, Brasil de Fato

Terça-feira, 2 de junho de 2009. São Paulo amanhece com céu azul, ar limpo, um lindo e gelado dia de outono. Pelas ruas da capital financeira do país pessoas caminham elegantes e bem vestidas, cachecóis, casacos, botas. Muitas paradas a longo de elegantes lojas comentam “adoro o inverno, que estação elegante”.
Na região da Rua Vinte e Cinco de Março, carros da companhia de luz fazem reparos, gente indo e vindo com mãos cheias de sacolas, de repente, correria, lá vem o rapa. Camelôs que vendem suas mercadorias no chão ou em pequenas mesas juntam tudo e saem correndo na tentativa de preservar o ganho pão da família. Uma senhora de aproximadamente 50 anos, moradora da Pedreira zona sul da cidade, comenta “Vida de pobre é assim mesmo, quanto mais os ricos ficam ricos mais ódio eles tem dos pobres. mas eu tenho fé, acredito em Deus, vou continuar trabalhando assim mesmo. Quer comprar um carrinho de mim moça?”

A cada hora que se passa, o frio aumenta. Na Praça do Correio dezenas de pessoas encolhidas, sem botas, sem casacos, sem luvas, sem a elegância da estação. Sentadas, deitadas, sobre caixas de papelão ou embaixo de cabanas improvisadas com pedaços de lona ou papelão, tentam abrigar-se do frio. A cidade de São Paulo tem mais de 16 mil pessoas em situação de rua e, oito mil vagas em albergues. Metade não tem onde pernoitar. Esse número cresce a cada dia. As favelas estão sendo urbanizadas, onde têm 900 famílias o governo constrói 300 apartamentos, e o resto?O resto, recebe 3,5 8 mil reais de indenização pelo barraco e some,para a rua ou lá prós confins da cidade.A periferia se expande!!!

No meio disto tudo está Mara Sobral, ex menina de rua, mãe de 12 filhos, nove adotados, caminhando com olhos tristes, desanimada, cansada, revoltada. Mara se diz cansada se ser violentada “Quando escapamos da violência da família caímos nas ruas e daí por diante passamos a ser violentadas diariamente pelo sistema”. A central de catadores onde Mara trabalhou por alguns anos sofreu um incêndio criminoso em dezembro de 2008 e desde então Mara e seus companheiros lutam para tentar reabrir o local.

Parece simples,queimou,apagou-se o fogo,reformou,voltou-se a trabalhar. Não, não é assim tão simples. A partir do momento em que a cooperativa foi incendiada os cooperados perderam a chance de continuar trabalhando. A cooperativa foi fechada, o que aconteceu ninguém sabe. Quem vai perder tempo investigando incêndio em cooperativa de catadores?A quem interessa?Afinal ali só trabalha o refugo da sociedade. O lixo humano produzido pelo capitalismo, os párias da modernidade, segundo afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro Vidas desperdiçadas.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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