Valsa para os Bastardos Ingloriosos

Alberto Fonseca, Portal Terra

“A coluna desta semana, eu pretendia que fosse sobre o mês de setembro, que comecou glorioso na Australia, com a chegada da primavera.

Sim, na Austrália, a primavera começa oficialmente no dia primeiro de setembro.

A mudança de estação vem adiantada. As árvores nas ruas e nos jardins públicos das cidades de Sydney, Melbourne e Camberra já estão floridas, desrespeitando o equinócio, que virá ainda no dia 22 de setembro, quando começarão os longos meses do chamado "verão austral" no Brasil e no hemisfério sul.

Algo me atrapalhou a intenção de falar da primavera, e de Samuel Becket, que adorava este mês e chegou a dizer que - adoraria viver num perpétuo setembro.

Claro que, sendo irlandês e tendo vivido sobretudo em Dublin, mas com diversos períodos em Londres, Paris (onde se juntou à Resistência), na Alemanha nazista e até em Moscou (onde foi aprendiz de diretor com Eisenstein), Beckett estava falando do setembro que dá início ao outono...

Na França, ao completar 33 anos de idade, em 1938, Beckett se pergunta se "a segunda metade da garrafa poderá ser melhor que a primeira". Na iminência da Segunda Guerra, ao encontrar aquela que seria sua companheira de toda a vida, Suzanne Dumesnil, escreve: "talvez o vinho da minha vida não seja tão ruim quanto eu temia".

Beckett ganhou o Premio Nobel de literatura em 1969, quando o homem pisou na Lua (para quem acredita nisso!), e morreu em 1989, ano da queda do muro de Berlim, cujo vigésimo aniversário comemoramos este ano.

Enfim, como eu disse, esta coluna não será sobre setembro, nem mesmo sobre Beckett.”
Foto: Reprodução
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