América Latina: impasses e desafios

Frei Beto, Adital

“O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, retornou a seu país e se abrigou na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. O Itamaraty tem a obrigação de acolhê-lo e assegurar-lhe integridade física e política. Zelaya, por sua vez, tem o dever de respeitar as normas que regem as representações diplomáticas.

O mesmo Brasil que deu refúgio aos generais Stroessner e Oviedo, do Paraguai, não pode, agora, favorecer golpistas militares de Honduras e entregar Zelaya às feras. Será também uma afronta à tradição hospitaleira do Brasil o STF repatriar Cesare Battisti para os cárceres italianos.

A América Latina vive seu melhor momento em décadas: com exceção de Honduras, não há ditaduras militares no Continente; os governantes neoliberais, fieis aos receituários do FMI e do Banco Mundial, foram rechaçados pelo voto popular; hoje temos governos democrático-populares que se comprometem a promover reformas de estrutura pelas vias pacífica e democrática.

O que há de novo na América Latina? Samuel Huntington, relator da Comissão Trilateral - nefasta conspiração imperialista da década de 1970 -, admitiu que, em nosso Continente, a democracia, tal qual o figurino que agrada a Casa Branca, só perduraria se excluísse a participação de parcela do povo.

O que há de novo é que os excluídos - indígenas, camponeses, sem-terra, negros, desempregados, famílias de baixa renda - agora insistem em seu protagonismo político. Prova disso é que um metalúrgico governa o Brasil; um indígena, a Bolívia; um ex-guerrilheiro, a Nicarágua; uma ex-presa política, o Chile; outro ex-preso político, o Uruguai; um sociólogo de esquerda, o Equador; um militar revolucionário, a Venezuela; um jornalista apoiado por ex-guerrilheiros, El Salvador; um ex-arcebispo da Teologia da Libertação, o Paraguai.

Não se sabe o que há de novo no reino da Dinamarca, mas é certo que há algo de novo em torno da linha do Equador. Dos 34 países da América Latina, em 15 há presença, em seus governos, de políticos alinhados com o Fórum de São Paulo - organismo que, há décadas, articula, no Continente, grupos e partidos de esquerda e/ou progressistas.”
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