Poteiro, o Velho

Ademir Luiz, Revista Bula

“Creio que estava no início da adolescência quando vi pela primeira vez uma tela de Antônio Poteiro. Representava uma cena de festa no interior. Uma quermesse talvez. Sabia vagamente quem era o autor. Sua figura barbuda, excêntrica, meio Papai Noel, era folclórica. Lembro-me que, sendo tolo e pretensioso como quase todo adolescente, pensei algo como: “Horrível! Eu desenho melhor que ele”. Naquela ocasião não pude decodificar o sentido íntimo daqueles traços rústicos e cores fortes. Amarelo manga, vermelho sangue, verde limão maduro. A aceitação, ou compreensão, do conceito de primitivismo artístico passava longe de meu imaginário caipira de goianinho caipora, (mal) acostumado que estava com pequenos manuais de divulgação do tipo “Da Vinci por ele mesmo” ou “O pensamento vivo de Picasso”. Não tinha olhos para ver. Mas não apenas eu.

Antônio Batista de Sousa, o Poteiro, concedeu um hilário e comovente depoimento no documentário “Mudernage”, lançado no início de 2010, dirigido por Marcela Borela, onde conta como entrou no estranho mundo da arte “sofisticada”, da arte acadêmica, da arte de mercado. O filme trata da introdução da modernidade em Goiás, um Estado caracterizado pela força da tradição. Nesse sentido, devemos lembrar que o estilo primitivista só pode ser entendido como ação artística em um cenário cultural moderno, dotado de uma percepção capaz de separá-lo da simples produção artesanal. De fato, antes de estabelecer-se como artista cult, Poteiro foi um reconhecido artesão.”
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