Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“Não morro de amores pela economista Miriam
Leitão, não por desconsiderar os seus conhecimentos específicos, mas por
divergir da ideologia que comanda sua visão econômica, que – mesmo que ela o
negue - tem o viés neoliberal que vê no mercado o deus supremo.
Mas, hoje, quero falar da jornalista Miriam
Leitão e, sem o menor receio de me tornar incoerente e, pelo contrário, por um
dever de honestidade, registro aqui como altamente meritório e positivo o
seu trabalho de reportagem – junto com o jornalista Cláudio Renato – que, no
jornal “O Globo” e no canal “Globo News”, em matéria intitulada “Anos de
chumbo”, traz à baila – no momento em que parece que, finalmente, se instaurará
no país a “Comissão da Verdade” – o caso Rubens Paiva, jornalista preso pelos
organismos da ditadura e cuja história e destino, a partir da prisão,
continuam até hoje não esclarecidos “oficialmente”.
A reportagem em questão abordou honesta e
criteriosamente vários aspectos do caso, ouviu o que se poderiam considerar os
dois lados da questão, mas em nenhum momento deixou de revelar uma
postura de indignação diante do episódio, um dos mais emblemáticos dos anos de
chumbo da ditadura brasileira, suas perseguições, torturas e mortes.
Percebe-se com detalhes, através dos
depoimentos dos familiares, o clima de terror que então se implantou na caça às
bruxas “subversivas” que o regime militar perseguiu. Percebe-se, em depoimentos
de participantes do movimento de resistência, uma motivação bem diferente da
apregoada pelo regime para a luta armada em que alguns se envolveram. Percebe-se,
mesmo nos atos adjetivados como terroristas, o objetivo de opor-se à
repressão e libertar aqueles que, nos cárceres, penavam as torturas pelo
delito de opinião e pela não aceitação do jugo militar. E, se ainda pairasse
algum tipo de dúvida sobre o que então se viveu, percebe-se, no depoimento do
General Rocha Paiva, a convicção de que os atos de desumanidade de então
– as torturas entre eles - podiam ser justificados como uma espécie de defesa,
diante de pessoas subversivas que (sic) queriam implantar no país regimes
totalitários do tipo soviético, maoísta ou cubano.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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