Homofóbico não passa de um medroso.


Marcelo Carneiro da Cunha, Terra Magazine / Zagueiro

“Estimados leitores, pois leio aqui, sentado no banquinho do treinador enquanto ele foi até a esquina achar uma alternativa pro 3-2-2-2-1, que a Comissão de Direitos Humanos do Senado acaba de aprovar a união estável para casais homossexuais. 
Pra um zagueiro de ofício, essa discussão sobre quem pode casar é mais desprovida de sentido do que o debate interminável sobre quantos juízes é melhor ter em campo. Se queremos ter futebol, basta um. Se preferirmos uma assembléia sobre cada entrada duvidosa e bola que ultrapassa a linha do gol, então, vários. O que é que desejamos, afinal? Se queremos uma sociedade que funcione como um time afinado, e não como um Flamengo, precisamos admitir que existem coisas que valem pra todos, inclusive o R10. A lei por exemplo.

Se todo mundo é igual diante da lei, e a lei diz que as pessoas têm o direito de formar uma sociedade civil quando vivem juntas, compartilham dos mesmos recursos e estruturas, e têm, herdam, ou adotam filhos, essa lei, estimados leitores, vale para todos – gays, absolutamente inclusive. Porque as únicas pessoas que parecem dispostas e interessadas em formar casais são homens e mulheres heterossexuais, e homens e mulheres homossexuais. No entanto, alguns ficam insistindo que a lei só vale para os heterossexuais, porque sim. Porque Deus disse. Porque sempre foi. Porque se abrir pra todo mundo o direito de casar, o que será do mundo. Como se em um mundo cercado por asteróides louquinhos pra cair sobre ele, e tomado por motosserras, CO2, terremotos e Michel Teló, justamente o casamento possa ser a causa do fim do mundo. Risível, não é mesmo?

Noves fora os esquisitos casamentos poligâmicos, que nunca pegaram de verdade com exceção dos mórmons e algumas outras sociedades exóticas, parece que as pessoas formam casais. E isso não tem tanto assim a ver com sexo, mas sim com o que se entende por amor. E amor, caros leitores, não é hetero nem homossexual, e nem ao menos é sexual, mesmo que inclua o sexo entre os seus atrativos possíveis. Independente da lei, ou do local, ou da época, a forma mais presente de união humana é formada por duplas. Deve ter a ver com a nossa natureza e a nossa evolução. Mas essas duplas nunca foram exclusivamente heterossexuais, em sociedade alguma, em tempo algum, fora o Irã do Ahmadinejad. Alguma coisa acontece com os seres humanos que os torna atraídos pelos seres humanos do gênero oposto, ou pelo mesmo. Isso, caros leitores, acontece.”
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