Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“O conceito de Aldeia Global, criado na
década de 60 por McLuhan, fundamentou, desde então , uma nova visão do
mundo, cada vez mais reafirmada, nos tempos de hoje, a
partir das crescentes possibilidades abertas pelas tecnologias
de informação e de comunicação, com a abolição virtual das distâncias temporais
e espaciais. O acesso à informação é imediato e cada vez engloba uma
quantidade mais expressiva de indivíduos de todas as partes do mundo e,
ao menos teoricamente, enseja uma certa organização social planetária que
permite participação independentemente de distâncias.
É decorrente daí um sistema de vasos
comunicantes que faz com que um fato acontecido em um ponto do planeta seja
capaz de provocar repercussões imediatas nas mais diversas e distantes
regiões. Na economia, essa é uma realidade palpável : qualquer
alteração grave no processo econômico de um país pode redundar em problemas
para todas as nações. Estamos assistindo, desde 2008, a uma situação desse
tipo. Vivemos , no plano econômico, um momento em que, por força dessa
vinculação global calcada em lógicas do “deus” mercado, países acabam
interferindo no destino de outros, impondo-lhes medidas restritivas até à sua
soberania, em nome da salvaguarda dos pretensos interesses do mundo todo.
Essas considerações vêm a propósito da
Rio + 20, que acaba de encerrar-se em meio a um grande debate sobre
sua efetividade. Duas posições distintas, antagônicas, tentam resumir os
efeitos do conclave. De um lado, ativistas e organizações não governamentais do
mundo todo, somados a muitos cientistas e especialistas nos problemas
ambientais, consideram que o encontro foi frustrante, pouco objetivo, com
deliberações construídas com discursos que de tão genéricos nada acrescentam
como equacionamento para a pretendida sustentabilidade. Para esses críticos,
faltou ousadia, comprometimento, fixação de metas capazes de apontar soluções
concretas.
Os ambientalistas colocam em
discussão o próprio encontro e a validade da busca de um consenso planetário
capaz de unificar interesses absolutamente contrários, que envolvem
mais de 190 países. Os governantes seriam, em geral, reféns
de sistemas com peculiaridades locais que não permitem atitudes da
mesma natureza. Os países mais ricos , cuja riqueza está calcada em
conquistas que, ao longo do tempo, foram obtidas à custa da degradação do
planeta, querem agora impor a nações em desenvolvimento ações que jamais
praticaram, como forma de perpetuar hegemonias. Aliás, e não por acaso, o único
governante do chamado G-7 presente ao encontro foi o recém-eleito presidente
francês.”
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