Mair Pena Neto, Direto da Redação
“Tenho acompanhado, com interesse, a
Eurocopa, que se disputa na Polônia e na Ucrânia, mas não deixo de me sentir
incomodado pela diferença de tratamento que os próprios brasileiros, imprensa
incluída, dão à competição européia em comparação com a Copa América, que reúne
as seleções da América do Sul e, desde 1993, o México e mais um convidado da
América Central ou do Norte.
Não nego o nível de importância e,
principalmente, a dimensão da Eurocopa, que, devido ao grande número de países
do continente, permite uma competição com 16 seleções, divididas em quatro
grupos, o que seria o tamanho ideal até para uma Copa do Mundo. A América do
Sul tem apenas 10 países e, mesmo com os dois convidados, não pode ter um
torneio tão grande.
Mas como tamanho não é documento, a
importância das duas competições se equivale, e, se perdemos em alguns
aspectos, ganhamos em
outros. Curiosamente, um dos primeiros pontos a nosso favor é
a tradição. A Copa América é muito mais antiga que a Eurocopa, apesar do início
do futebol organizado no velho continente. Os países sul-americanos se
enfrentam desde 1916, enquanto os europeus só começaram a disputar um torneio
entre seleções em 1960.
Essa longevidade da Copa América,
inicialmente disputada a cada ano, proporcionou a realização de 43 edições,
ricas em
histórias. O Uruguai, sempre pioneiro, assim como na Copa do
Mundo, ganhou as duas primeiras edições (1916 e 1917), e a competição de 1918,
prevista para o Rio de Janeiro, não aconteceu pelo surto da gripe espanhola,
que matou milhares de pessoas, inclusive Otávio Egídio, que jogara no primeiro
jogo internacional da seleção brasileira, como conta Ivan Soter, em
Enciclopédia da Seleção.”
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