Leonardo Boff, Adital
O espírito não é uma parte do ser humano ao lado de outras. É o ser humano inteiro que por sua consciência se percebe pertencendo ao Todo e como porção integrante dele. Pelo espírito temos a capacidade de ir além das meras aparências, do que vemos, escutamos, pensamos e amamos. Podemos apreender o outro lado das coisas, o seu profundo. As coisas não são apenas ‘coisas’. O espírito capta nelas símbolos e metáforas de uma outra realidade, presente nelas mas que não está circunscrita a elas, pois as desborda por todos os lados. Elas recordam, apontam e remetem à outra dimensão a que chamamos de profundidade.
Assim, uma montanha não é apenas uma montanha. Pelo fato de ser montanha, transmite o sentido da majestade. O mar evoca a grandiosidade, o céu estrelado, a imensidão, os vincos profundos do rosto de um ancião, à dura luta da vida e os olhos brilhantes de uma criança, o mistério da vida.
É próprio do ser humano, portador de espírito, perceber valores e significados e não apenas elencar fatos e ações. Com efeito, o que realmente conta para as pessoas, não são tanto as coisas que lhes acontecem mas o que elas significam para suas vidas e que tipo de experiências marcantes lhes proporcionaram.
Tudo que acontece carrega,
existencialmente, um caráter simbólico, ou podemos dizer até sacramental. Já
observava finamente Goethe: "tudo o que é passageiro não é senão um sinal”
(Alles Vergängliche ist nur ein Zeichen”). É da natureza do sinal-sacramento
tornar presente um sentido maior, transcendente, realizá-lo na pessoa e fazê-lo
objeto de experiência. Neste sentido, todo evento nos relembra aquilo que vivenciamos
e nutre nossa profundidade.”
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