Feminista? Eu? Claro que sim!



Marta Barcellos, Digestivo Cultural

“Em época de campanha para prefeitos e julgamento do mensalão, se posicionar politicamente se tornou tão natural nestes dias quanto comentar a novela das nove. Mesmo aqueles que dizem desprezar a política são capazes de engrenar uma conversa fiada sobre o seu provável voto, o candidato menos pior, talvez o melhor, ou comentar a votação no Supremo Tribunal Federal. Por que então, em meio ao saudável debate sobre o noticiário, sinto que minha frase gera algum desconforto?

... é por essas e outras que sou feminista.

As mulheres não me endossam, como seria de esperar. Os homens parecem tentar imaginar a que tipo de feminismo eu me refiro. É curioso notar que, dependendo da roda, um homem se declarar feminista parece mais apropriado do que uma mulher.

Mas vamos ao contexto. O "essas e outras" que motivou a ratificação da minha condição feminista foi uma daquelas notícias que de tempos em tempos refletem a precariedade da situação da mulher no mundo. Não, a história em questão não dizia respeito a uma vítima de chibatadas em plena primavera árabe, mas se referia às estúpidas declarações de um deputado republicano. Todd Akin afirmou que casos de gravidez depois de estupros são muito raros, porque as mulheres teriam defesas biológicas para evitar a gravidez quando se trata de um "estupro legítimo" (legitimate rape, em inglês).

Não é para sair empunhando a bandeira do feminismo, se houvesse uma à mão? Pode ser que o termo feminista tenha ficado um tanto institucionalizado, como se pressupusesse a ligação com algum movimento formal, ou então que tenha simplesmente envelhecido - daí o preconceito. Mas não tem jeito: as mulheres ainda são vítimas de muitas desigualdades, não por culpa de nossos bem intencionados colegas de trabalho, namorados ou maridos - que se dizem sinceramente feministas na mesa do bar -, mas de uma condição histórica e cultural. Se simplesmente ligarmos o "automático", se deixarmos que nossas opiniões e atitudes se influenciem por um suposto "bom senso" relacionado à convivência em sociedade, corremos o sério risco de endossar ingenuamente desigualdades que serviram a séculos de dominação.”
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