Marcio Alemão, CartaCapital
"Releio O
Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez. Na tevê
estamos em tempos de propaganda eleitoral gratuita. Li, há meses, que Gabo está
sofrendo de demência senil. Peço desculpas, mas em muitas, e não poucas nem em
ditas certas horas, me vejo dominado pela nostalgia. Vou longe. Volto aos
tempos em que um dia de chuva no meio de um feriado ou uma pergunta cabeluda na
prova de matemática não tinha outro culpado que não Ele, imediatamente era por
mim acusado de injusto. Voltei, pois, a essa prática ao ver o mencionado
horário eleitoral enquanto lia O Amor…
Pergunto: “Por que Ele? O Senhor já deu uma olhadinha no que está passando na
tevê?”
Ainda
sobre supostas injustiças, abro o jornal e me
informam que mais uma vez aconteceu o tal concurso que elege o melhor pastel de
feira da cidade. Em São
Paulo podemos dizer que virou tradição. Campanha não fazem,
os candidatos. Poderiam fazer? Sendo eu um assíduo frequentador da feira que
abriga a barraca vencedora, a do Pastel Kyoto, diria que algumas promessas
seriam interessantes: “Prometemos punir fisicamente os comedores que ainda
insistem em jogar o papel que envolve o pastel no chão. Prometemos vaiar quem
pede aquele pastel especial que tem o tamanho de um colchão de solteiro e que
vem recheado com tudo que tem na feira, incluindo borrachas de panela de
pressão. Prometemos trocar o óleo da fritura mais constantemente etc.” Detalhes
singelos, promessas que se não fossem cumpridas não nos trariam grandes
prejuízos.”
Ilustração: Ricardo Papp
Artigo Completo, ::AQUI::
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