A Cidade de São Paulo & O Consórcio das Oligarquias

Ricardo Peres, Vermelho.org

O que é a cidade senão as pessoas?” – Shakespeare (Coriolanus, 3º ato)

Em 1885, São Paulo tinha 47 mil pessoas, aumentando para 240 mil em 1900. Hoje, contando quase 20 milhões de pessoas, a região metropolitana de São Paulo é a décima cidade mais rica do mundo, responsável por 13% do PIB nacional.

Paralelamente, a política de urbanização extensiva que pavimentou todo esse crescimento durante o século 20 se mostra insustentável à nossa geração, uma vez que o processo de incorporação horizontal de áreas rurais adjacentes aos núcleos urbanos chegou ao seu limite. De fato, tanto as barreiras físicas (serras e rios) como o custo do transporte colocam claros limites a esta forma de ocupação do espaço, a qual cria distâncias que mais tarde se tornam arrependimentos.

Notamos, com facilidade, que a ausência dos órgãos governamentais nas áreas mais distantes, logisticamente menos acessíveis, levou ao crescimento da pobreza, da criminalidade e da violência na periferia da cidade. Apesar disso, a urbanização extensiva continua a ocorrer na direção noroeste da cidade, a 50 km da Praça da Sé, bem como na região de Parelheiros, de forma descontrolada.

Em síntese, a realidade precária da periferia paulistana é conseqüência direta de um desenho urbano que, com o passar do tempo, concretizou o isolamento e à segregação de milhões de cidadãos.

Entre 1924 e 1926, os engenheiros Ulhôa Cintra e Prestes Maia apresentaram estudos para a abertura de avenidas rádio-periféricas, formadas por três grandes anéis de circulação – em volta da zona central, da zona urbana e uma parte da zona suburbana. Em 1927, esse projeto seria apoiado pelo presidente da república, Washington Luiz, cuja carreira política se fez em São Paulo.”
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