Este século começou mal

Roberto Sávio, IPS / Envolverde

“Convenhamos, com tristeza, que o novo século, em sua primeira década, não se direciona para o otimismo. Não só não foi solucionado nenhum dos problemas que tínhamos, como vão sendo acrescentados outros mais extraordinários. As conflitivas situações no Irã e na Coréia do Norte não melhoram. Está piorando a questão palestina, já que Israel desafia abertamente Barack Obama com novas construções nos assentamentos em território árabe. Sabe que nenhum governo norte-americano ousará desafiar o poderoso lobby pró-israelense. Enquanto é difícil fazer um prognóstico sobre o Iraque, é fácil fazê-lo sobre o Afeganistão aonde, segundo o Pentágono, cada soldado custa US$ 1 milhão por ano, para uma guerra de improvável vitória e que apresenta um horizonte de pelo menos cinco anos.

O milagre de Nelson Mandela vai se desvanecendo na África do Sul, o Zimbábue segue imutável e a corrupção na África (e no mundo) continua aumentando, segundo a Transparência Internacional. Na América Latina, a saída próxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o grande mediador, significará um aumento das divergências regionais. A Ásia é o único polo de crescimento, com uma China que não pode ser parada (mas que não quer jogar em equipe com ninguém) e um crescimento geral das economias. Nestes anos do novo século surgiram problemas antes desconhecidos em nível global. A novidade é que estamos em plena globalização e não sabemos como gerenciá-la.

A crise desencadeada pelas especulações financeiras criou cem milhões de novos pobres, segundo o Banco Mundial. Porém, não serviu de lição ao poder político, que em lugar de reformar o sistema para torná-lo responsável optou por salvá-lo custe o que custar: a módica quantia de US$ 18 trilhões, equivalente ao total da ajuda ao Terceiro Mundo durante 150 anos. E foi decidido – por omissão – nada mudar, fora alguns retoques cosméticos. De fato, os bancos eliminaram apenas 50% dos títulos tóxicos que causaram a crise e os derivativos, outro fator desencadeante, já somam seis vezes e meia o Produto Bruto Mundial.

A única certeza é que os Estados que intervieram, Estados Unidos à frente, encaram um déficit fiscal gravemente aumentado e um desemprego sem precedentes, enquanto os especialistas preveem o agravamento da crise imobiliária norte-americana e destacam a insuficiência dos programas de Obama para os milhões de norte-americanos que perderam ou estão perdendo suas casas.”
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