Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
“As semanas de longos feriados servem para se refletir sobre temas que muitas vezes passam ao largo. No Brasil, por exemplo, a criação da Comissão da Verdade está para ser debatida e votada pelo Parlamento para posterior sanção da Presidenta Dilma Rousseff. Ou seja, é um tempo em que dependendo das circunstâncias o país poderá finalmente dobrar a página de um período histórico cinzento e nefasto.
Comissão da Verdade não tem nada a ver com revanchismo, como alguns remanescentes daquele período ditatorial tentam incutir na opinião pública. Muito pelo contrário. Muitos países que passaram momentos históricos hediondos criaram as suas Comissões da Verdade, cada um a sua maneira. África do Sul com Nelson Mandela foi uma coisa, Chile da Concertación, a aliança política que reuniu socialistas, democratas-cristãos e outras correntes, produziu outra versão para passar a limpo o passado e melhor entendimento do presente, já de olho no futuro. Argentina, Uruguai e Paraguai idem.
Nesse sentido, por aqui a Comissão da Verdade, que seja verdadeira, sem subterfúgios, mesmo vindo com algum atraso deve ser saudada por todos os que desejam ver o Brasil fortalecendo a sua democracia. De qualquer forma, todo cuidado é pouco. Alguns exemplos históricos de virada de página podem servir de alerta, para evitar a ocorrência de esquecimentos indesejáveis.
É o caso da Alemanha no pós-guerra. Dividida em duas partes, a Ocidental e a Oriental com regimes diferentes, que finalmente se
reunificou depois da queda do Muro de Berlim, muitos algozes do regime nazista foram reabilitados na surdina e de um modo geral passaram a prestar serviços a um dos lados do tabuleiro internacional, exatamente a própria Alemanha Ocidental e os Estados Unidos.
Houve casos notórios, como o do alemão Klaus Barbie ou Altman, que passou um longo tempo impune na Bolívia, mas acabou extraditado para a França. Enquanto esteve na Bolívia, o carniceiro de Lyon, como era conhecido em função das atrocidades que cometeu naquela cidade francesa, colaborou na prática de torturas contra opositores de governos ditatoriais que contaram com o apoio do Brasil e dos Estados Unidos.
A história de Anne Frank é muito conhecida e serve até hoje de referência para mostrar a que ponto chegou a barbárie na II Guerra
Mundial. No entanto, poucos sabem que ao virar a página de sua terrível história, a Alemanha (no caso Ocidental) deixou passar alguns criminosos que foram recrutados para o seu serviço secreto. Objetivo: combater o comunismo a qualquer custo.”
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