Lélia Almeida, Digestivo Cultural
“Quando o menino nasceu, minhas mãos se encheram de afazeres, meu coração de preocupações e meus dias de pequenas e inusitadas alegrias. Vê-lo crescer, ali, ao pé da árvore hesitante que eu também era me deu, finalmente, o sentimento de pertencimento que eu buscara durante toda a minha vida.
Pois não foi como filha, nem como esposa, nem como profissional que eu achei o meu lugar no mundo. Foi a maternidade que me fez encontrar a minha turma, o meu lugar, junto às outras mães. Estes seres anônimos e sempre tão parecidos e previsíveis, e que repetem uma coreografia inerente, trazida como herança na mais recôndita genética e que é sempre simples e compreensível em qualquer lugar do mundo.
Alimentar o menino, vesti-lo, aconchegá-lo depois do tombo, limpar-lhe o joelho destampado, tênis novo, furado, chulé, pano quente no ouvido com otite no meio da noite, caderno com orelha e letra incompreensível, "Come, por favor, pára de falar e come."
Descortinamos as verdades do mundo e nos tornamos um pouco filósofas, médicas, mediadoras, físicas, na troca comum da descoberta dos dias. Estamos na praia de noite, caminhando e ele diz agarrado na minha mão, "Ué, e não é que apagaram a luz do céu e ficou tudo escuro!".
Choro copiosamente no dia em que o Ayrton Senna morreu, ele acompanha os dias do velório, a espera para o enterro e pergunta solene, "Por que tem pessoas que quando morrem são enterradas embaixo da terra e outras que vão pro céu?"
Catchup, batata frita, gelatina de cereja, ovo molinho e bife milalêis, bicicleta, gato, Cavaleiros do Zoodíaco, Príncipe da Pérsia, Lego, The Strokes, Chaves, Friends, pipoca, moleton com capuz, tatoo, piercing, reunião dançante com cachorro-quente, cinema e cortar o cabelo, unhas pretas, imundas, mais chulé, outro gato, ódio à matemática, Allstar cor-de-rosa, chupão no pescoço, "Não fica triste mãe, nem sempre dá certo, é assim mesmo, a vida tem vida própria", ele me explica. Baseado, porres, contas absurdas de celular, noites sem aparecer e sem avisar, "namoros relâmpago", outros nem tanto, a primeira viagem de excursão da escola, circo, competição de natação, baterista numa banda chamada Blue Velvet.”
Pois não foi como filha, nem como esposa, nem como profissional que eu achei o meu lugar no mundo. Foi a maternidade que me fez encontrar a minha turma, o meu lugar, junto às outras mães. Estes seres anônimos e sempre tão parecidos e previsíveis, e que repetem uma coreografia inerente, trazida como herança na mais recôndita genética e que é sempre simples e compreensível em qualquer lugar do mundo.
Alimentar o menino, vesti-lo, aconchegá-lo depois do tombo, limpar-lhe o joelho destampado, tênis novo, furado, chulé, pano quente no ouvido com otite no meio da noite, caderno com orelha e letra incompreensível, "Come, por favor, pára de falar e come."
Descortinamos as verdades do mundo e nos tornamos um pouco filósofas, médicas, mediadoras, físicas, na troca comum da descoberta dos dias. Estamos na praia de noite, caminhando e ele diz agarrado na minha mão, "Ué, e não é que apagaram a luz do céu e ficou tudo escuro!".
Choro copiosamente no dia em que o Ayrton Senna morreu, ele acompanha os dias do velório, a espera para o enterro e pergunta solene, "Por que tem pessoas que quando morrem são enterradas embaixo da terra e outras que vão pro céu?"
Catchup, batata frita, gelatina de cereja, ovo molinho e bife milalêis, bicicleta, gato, Cavaleiros do Zoodíaco, Príncipe da Pérsia, Lego, The Strokes, Chaves, Friends, pipoca, moleton com capuz, tatoo, piercing, reunião dançante com cachorro-quente, cinema e cortar o cabelo, unhas pretas, imundas, mais chulé, outro gato, ódio à matemática, Allstar cor-de-rosa, chupão no pescoço, "Não fica triste mãe, nem sempre dá certo, é assim mesmo, a vida tem vida própria", ele me explica. Baseado, porres, contas absurdas de celular, noites sem aparecer e sem avisar, "namoros relâmpago", outros nem tanto, a primeira viagem de excursão da escola, circo, competição de natação, baterista numa banda chamada Blue Velvet.”
Artigo Completo, ::Aqui::
Comentários