Tributo ao pênis

Eberth Vêncio, Revista Bula

“Certa vez, um escritor já falecido contou-me que jamais abriria mão do prazer sexual. Não posso revelar aqui o nome do sujeito. Vai que a família desgosta e pronto: leva-me às varas da justiça. Hoje em dia, todo vacilo é motivo para se arrancar trocados de um cidadão descuidado. Até dizer a verdade tornou-se um perigo.

O vate teve a língua amputada cirurgicamente por conta de um câncer na boca, e já não conseguia a ereção ideal para penetrar uma fêmea, devido ao tabagismo inveterado e a cirrose que lhe arruinava o fígado. Próximo da ceifada da Senhora Morte, ele se conformava com o fato de ainda possuir vinte dedos (dez nas mãos, mais dez nos pés), com os quais poderia facilmente “se virar”, mantendo a sexualidade em dias. “Se for preciso fazer sexo anal pra sentir prazer, não tô nem aí”, ele brincava entre goles de uísque que lhe aumentavam o bom humor, o edema nas pernas e a barriga d’água.

Recentemente, li um divertido texto-desabafo da escritora Carolina Mendes, publicado na Revista Bula, intitulado “Eu, eu mesma e minha vagina”. Fiquei tão excitado com o texto (excitado, assim, no sentido “agitado, alvoroçado, impelido”) que decidi, embora sem procuração da classe, escrever uma réplica em defesa dos homens, pobres diabos que, regra geral, morrem primeiro que as mulheres. Coincidência, meninas?! Até que nos é bem feito. Concordo com vocês.

Uma vez que os ânimos entre gays e anti-gays andam exaltados na mídia, vou logo avisando que não se trata de um manifesto em defesa dos homens que preferem homens, nem dos machistas que se sentiram machucados (ai!) após a leitura da crônica de Carolina.

O título “Tributo ao pênis” pareceu-me anatomicamente adequado e foi o que me ocorreu à primeira vista. Não sou supersticioso, mas também não sou tolo o bastante ao ponto de desperdiçar uma inspiração repentina ou uma ereção matutina, ainda que urinária.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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