Leila Cordeiro, Direto da Redação
“Agora a moda nas colunas especializadas é
dizer que a “a Globo está voltando os olhos para a classe C”, daí ter colocado
em horário nobre uma novela com o nome de “Avenida Brasil”, a rodovia que já
foi o símbolo da ligação entre as zonas Sul e Norte da cidade do
Rio de Janeiro.
Aliás, desde a festa de lançamento da
novela o elenco já começou a fazer um verdadeiro workshop, vivendo “a vida como
ela é” das comunidades mais carentes e dizem, durante o coquetel, num galpão
comunitário, regado a salgadinhos e drinques mais populares, as baratas
voavam entre as celebridades e o calor do ambiente era insuportável, amenizado
parcamente por ventiladores tradicionais.
Tudo em nome de chegar com uma mensagem
mais “pé no chão” até a classe C. Mas alguém pode explicar direitinho o que ela
realmente representa? Quem faz parte dela e quais as suas preferências? Seria a
tal classe C o chamado “povão’, a massa que realmente conta nos pontinhos da
audiência da TV aberta, já que não tem dinheiro para pagar TV a cabo ou comprar
um computador?
Na verdade, a tal classe C nunca teve muito
espaço na telinha global , a não ser em tragédias, pois vive em regiões
perigosas e fáceis de serem destruídas pelas intempéries da natureza ou na
violência do dia a dia em favelas ou áreas consideradas perigosas.
Vale relembrar, especialmente para os mais
jovens, que essa classe C, hoje tão cobiçada pela Globo, há tempos teve um
certo prestígio na emissora, quando criaram um espaço
comunitário chamado Globo Cidade, do qual participei como repórter. Eram
flashes que entravam nos intervalos da programação vespertina mostrando
problemas dos bairros pobres e desafiando as autoridades a resolvê-los.
Naquela época, nos idos dos anos 80, o
sucesso do programa foi tão grande que a Globo conseguiu derrotar o
popular “Povo na TV” de Silvio Santos e foi obrigada a criar o CAT, Centro de
Atendimento ao Telespectador, tantos eram os telefonemas de moradores dos
bairros carentes pedindo a visita da reportagem do Globo Cidade para denunciar
as condições precárias em que viviam.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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