Alceu Castilho, 247
Essa cena se repetia nos anos anteriores. Em 2012, Aziz não cumpriu o ritual. Sua relação com a Cidade Universitária era muito próxima. Caminhava pelo campus e estava sempre na biblioteca da FFLCH. Um relato da estudante Maria Carlotto, publicado no Facebook, é fundamental para se entender essa relação:
"Ontem, por volta das 22h, um funcionário da Faculdade de Filosofia passou avisando aos poucos que restavam que a biblioteca estava fechando. Desci as escadas e, como sempre, vi o professor Aziz Ab´Saber sentado em uma mesa de canto lendo, com a ajuda de uma lupa, um livro de quase mil páginas. As luzes da biblioteca estavam se apagando, mas ele insistia em continuar, resistindo no limite da desobediência.
Nos últimos anos, vi essa cena muitas vezes e ontem, por um segundo, sorri por simpatia daquele professor que não precisava estar ali, numa quinta-feira de chuva, enfrentando uma tarefa que parecia superar as suas forças. Hoje à noite cheguei nessa mesma biblioteca e a mesa estava vazia. Nenhuma nota de falecimento. Tudo funcionava normalmente, impelido por uma corrente de normalidade que nos oprime e contra a qual ele dedicou a sua vida, com grandes obras e pequenos gestos como esse, de resistir diante de um livro, sob uma mesa no escuro.
Talvez seja o prenúncio dos tempos que se
iniciam numa USP que certamente não foi a que ele conheceu."
Artigo Completo, ::Aqui::
Comentários