Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“A observação crítica que fiz ao terminar
um artigo recente sobre os “quereres” expressos na MPB nada tem a ver com um
possível repúdio ao coloquialismo ou com uma posição de “guardião da
norma culta” , que a minha condição de professor de Língua Portuguesa poderia
fazer supor.
Os modernos estudos da língua passam,
necessariamente, pela valorização de seus diversos matizes – as variantes
linguísticas - , ditados por razões de ordem histórica, geográfica,
social, contextual, entre outras. E é justamente essa diversidade que
gera o encantamento da nossa língua, que o rigorismo de Bilac apregoava
como “a um tempo, esplendor e sepultura”. O Português não é apenas
aquele em que Camões
expressou seus versos imortais, Machado de Assis produziu romances de aceitação
mundial, Drummond, Pessoa, Bandeira e tantos outros cunharam poemas memoráveis,
mas também o dos cantadores do cordel nordestino, dos compositores
populares de todos os gêneros, da descontraída conversa dos jovens da cidade,
dos matutos e caipiras espalhados pelos mais diversos rincões nacionais .
É por isso que, reverenciando as palavras do mestre Evanildo Bechara, é
imperativo da cidadania que sejamos “poliglotas em nossa própria língua”, sem
preconceitos ou discriminações que afirmem a prevalência de qualquer registro
sobre outro. Esse assunto foi, inclusive, mal explorado recentemente,
quando se quis questionar um livro didático que apenas afirmava essa
diversidade. Coisa típica de quem não sabia sobre o que estava falando, ou, se
sabia, servia a outros interesses que não os dos estudos linguísticos.
Não se devem, assim, hierarquizar as
manifestações da língua dentro de conceitos ortodoxos do “certo” ou do
“errado”, mas atentando para a sua adequação a contextos específicos que, esses
sim, justificam ou renegam um ou outro emprego. A linguagem é,
assim, a “vestimenta” do fato que manifesta, sendo óbvio que as
expressões de um coro da arquibancada do Maracanã ao recriminar o juiz do jogo
deverão ser sempre bem diversas daquelas produzidas em um fórum
acadêmico...”
Artigo Completo, ::AQUI::
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