“Hey, Jude, the movement you need is on your
shoulders”
(Lennon e McCartney)
(Lennon e McCartney)
Contudo, o tal provérbio “antes só que mal acompanhado” cai como a uma luva quando o assunto em questão é família. Refiro-me, evidentemente, às famílias caóticas, aos lares-masmorras, às sucursais do inferno, às terras de ninguém, às células (malfazejas) da sociedade.
Eis o que representam estes amontoados de gente insana consanguínea — sejam eles bacanas ou pés-de-chinelo — a morarem sob o mesmo teto: infortúnio.
Sem exagero: em determinados casos, é melhor dividir morada com estranhos maltrapilhos embaixo de uma marquise do que conviver com certos papais, mamães, avós e filhinhos. A não ser pela grana (e, quando eu digo grana, refiro-me às grandes fortunas), não vale a pena a azia de um almoço em família para “discutir as relações”. Acreditem: nesses casos, as relações são puramente comerciais. Ninguém suporta bucha se não for por dinheiro.
Porque o que me deixa mais intrigado — para não dizer constrangido, desesperançado, puto da vida — é a convicção de que eu tinha tudo para ser um estorvo ainda maior ao mundo, caso não fosse salvo pelo chamado “berço familiar”. Aposto as minhas minguadas fichas no pensamento de Hobbes, quando ele diz que o homem já nasce prontinho para a maldade. A sociedade nada mais faz senão domesticá-lo, adestrá-lo, administra as suas crises numa espécie de pacto crucial para um convívio minimamente viável, um pacote de medidas preventivas contra o caos.
De tal forma que não vou ficar aqui me
gabando por ter passado a infância a gangorrar em berço esplêndido. Também não
serei hipócrita o bastante (embora muitos se amarrem numa hipocrisia) para me
solidarizar com a bruteza impiedosa dos crápulas, ao ponto de oferecer-lhes a
outra face. Não. Nem fodendo. Não sou Cristo, muito menos, Barrabás. Sou, tão
somente, aquele cidadão de intelecto mediano com aflições acima da média.”
Artigo Completo, ::AQUI::
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