por Nathalí Macedo, DCM -
Além de não ser mais Rock,
tampouco in Rio, o festival de música que só decai em qualidade e em
público tem também um slogan tão vazio que beira o patético.
Roberto Medina, o empresário que fundou o Rock in Rio está – surprise! – cagando para um mundo melhor.
Tanto que é o responsável por dirigir
filmes para o presidenciável sem vice Jair Bolsonaro, inclusive nas
redes sociais – com 8 fucking segundos de televisão, haja seguidores
robôs.
Medina foi quem dirigiu a cena em que
Bolsonaro “se emociona” ao falar da mulher e da filha (a filha, a mesma a
quem se refere como “uma fraquejada”).
Segundo um colunista, a emoção custou
muito para o diretor: levaram o dia inteiro para arrancá-la de
Bolsonaro, e sem lágrimas, porque homem hétero não chora (estamos nos
referindo a uma emoção hétero, bolsominions).
Nada definiria tão bem a campanha dessa
catástrofe humana que não por acaso é candidato à presidência do Brasil:
o dia inteiro em um set tentando forjar emoção para criar a imagem do
homem “durão” (nós chamamos de fascista, mesmo) de cujo ponto fraco é a
família.
Fofo.
Aliás, esse parece ser o forte da
campanha de Bolsonaro: além de explorar a ignorância dos filhotes de
neonazis que infelizmente também compõem o eleitorado brasileiro, a
ideia é reforçar os “valores da família” manipulando as emoções de quem
não pensa, e a quem portanto só restam mesmo as emoções. Ou nem isso.
Aparentemente, Medina é a nova aposta para concretizar a farsa Bolsonaro.
Com um bom marketing, tudo é possível:
desde manter a rentabilidade de um festival bosta e a cada ano mais mal
frequentado até transformar um despreparado candidato em mito.
Quem já acompanhou os bastidores de uma campanha política sente mesmo uma vontade quase irresistível de votar nulo.
Um diretor de campanha faz de tudo para que seu
candidato entre no personagem, todos os detalhes são cuidadosamente
pensados para este fim.
Inclusive – principalmente! – as
lágrimas. E ninguém disfarça.
É exatamente como um set de filmagem de
ficção, só que sem atores de verdade (às vezes se tem atores de verdade,
mas aparentemente não é o caso de Bolsonaro, que precisou de um dia
inteiro para “se emocionar”), o que torna o trabalho do diretor muito
mais difícil, e, nesse caso, nojento.
Salsichas e campanhas políticas: melhor não saberem como são feitas.
Enquanto filma as lágrimas de crocodilo
de Bolsonaro, Medina ganha milhões pra clamar por “um mundo melhor” no
slogan do Rock in Rio – clamar por “um mundo melhor” e dirigir a
campanha de Bolsonaro só não é mais incoerente do que cristão que vota
em fascista.
Eu diria que o rock morreu, mas ele nunca
se fez representar por gente como Medina – tampouco pelos burgueses-
hipócritas-hipsters-diferentões que frequentam o Rock in Rio, todos com
os cabelos e roupas mais ou menos iguais.
Um mundo melhor é um mundo sem Bolsonaro,
sem supremacistas brancos, sem campanhas eleitorais forçadas e sem Katy
Perry em “festivais de rock”.
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