Mair Pena Neto, Direto da Redação
“Em 1975, Gilberto Gil, que acaba de
completar 70 anos, lançou um belíssimo disco, de nome Refazenda, no qual
incluiu uma canção chamada Pai e Mãe, em que demonstra seu afeto pelos dois e a
influência que exercem em sua vida. Em determinado momento, Gil pede à mãe que
diga ao pai que não se aborreça com ele quando o vir beijar outro homem
qualquer. E completa: “Diga a ele que eu quando beijo um amigo/Estou
certo de ser alguém como ele é/Alguém com sua força pra me proteger/Alguém com
seu carinho pra me confortar/Alguém com olhos e coração bem abertos pra me
compreender”.
A necessidade de o poeta pedir à mãe que
explicasse ao pai o significado do beijo do filho em outros homens fazia total
sentido por se tratar, o pai, de uma pessoa provavelmente da primeira década do
século 20, que poderia se surpreender e ter dificuldades de entender certos
gestos de tempos mais modernos, não necessariamente ligados ao homossexualismo.
Estávamos em meados dos anos 70, com a ditadura comendo solta, e pouco espaço
para a demonstração dos afetos.
O que surpreende é que passados 37 anos do
lançamento da canção de Gil continue a existir uma intolerância e uma
irracionalidade que discrimina e vitima qualquer manifestação de afeto entre
homens. Parece que a sociedade, apesar de toda a luta pela igualdade de
direitos, andou para trás, a ponto de testemunhar barbáries como a
recém-acontecida na Bahia, ironicamente a terra de Gil, em que irmãos gêmeos
foram espancados, um deles até a morte, por andarem abraçados na rua. O jovem
morto, 22 anos, era casado e sua esposa está grávida de quatro meses. O irmão
sobrevivente tem uma filha de quatro anos.”
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