“Diz-se que uma imagem vale mais que mil
palavras, mas há palavras que mil imagens não traduzem: preconceito é uma delas
(este artigo contém uma imagem forte)
Jean Wyllys, Brasil 247
Diz-se que uma imagem vale mais que mil
palavras, mas há palavras que mil imagens não traduzem: preconceito é uma
delas. Ao contrário: as imagens, sejam quantas forem, podem reforçar aquilo a
que se refere a palavra preconceito. Esta palavra também não pode ser traduzida
por números nem estatísticas. Estes, porém, sempre atraem ou despertam
palavras.
Ontem, por exemplo, no rastro da
divulgação, nos principais portais de notícias, das estatísticas do Grupo Gay
da Bahia acerca dos homicídios motivados por homofobia (o conjunto dos atos –
inclusive dos atos linguísticos - apoiados no preconceito social
anti-homossexual, um dos muitos preconceitos socialmente partilhados), vieram
muitas palavras: a palavra dos leitores da notícia expressa em comentários
publicados logo abaixo da mesma; a palavra dos intelectuais conservadores; as
palavras dos políticos reacionários à esquerda e, principalmente, à direita; a
palavra dos fundamentalistas cristãos católicos e evangélicos; e até a palavra
de um famoso humorista que se diz "politicamente incorreto", mas que,
ao fim e ao cabo, apenas põe seu "humor" a serviço da correção e da
ortopedia moral que há séculos constrangem e estigmatizam, com violência verbal
e/ou física, aqueles "desviantes" da ordem do
macho-adulto-branco-heterossexual-e-cristão (ou seja, as mulheres, os negros,
os judeus, os indígenas, o povo-de-santo, os gays, as lésbicas, as travestis e
transexuais e as pessoas com deficiências; principalmente os mais pobres dentre
esses).
Pode-se dizer que as palavras deles (dos
leitores da notícia, dos intelectuais conservadores, dos políticos
reacionários, dos fundamentalistas cristãos e do humorista) são quase as mesmas
- com variações que dependem do grau de instrução e da posição social que cada
um ocupa – e têm o mesmo objetivo: silenciar LGBTs e reprimir sua organização
política por meio de interpretações deliberadamente equivocadas das estatísticas
divulgadas e da conseguinte desqualificação das mesmas.”
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