Leonardo Boff, Afital
O conteúdo gravíssimo destes relatórios reforçou, no meu entender, a vontade do Papa de renunciar. Ai se comprovava uma atmosfera de promiscuidade, de luta de poder entre "monsignori”, de uma rede de homossexualismo gay dentro do Vaticano e desvio de dinheiro do Banco do Vaticano. Como se não bastassem os crimes de pedofilia em tantas dioceses que desmoralizaram profundamente a instituição-Igreja.
Quem conhece um pouco a história da Igreja –e nós profissionais da área temos que estudá-la detalhadamente- não se escandaliza. Houve épocas de verdadeiro descalabro do Pontificado com Papas adúlteros, assassinos e vendilhões. A partir do Papa Formoso (891-896) até o Papa Silvestre (999-1003) se instaurou segundo o grande historiador Card. Barônio a "era pornocrática” da alta hierarquia da Igreja. Poucos Papas escapavam de serem depostos ou assassinados. Sergio III (904-911) assassinou seus dois predecessores, o Papa Cristóvão e Leão V.
A grande reviravolta na Igreja como um
todo, aconteceu, com consequências para toda a história ulterior, com o Papa
Gregório VII, em 1077. Para defender seus direitos e a liberdade da
instituição-Igreja contra reis e príncipes que a manipulavam, publicou um
documento que leva este significativo título "Dictatus Papae” que
literalmente traduzido significa "a Ditadura do Papa”. Por este documento,
ele assumia todos os poderes, podendo julgar a todos sem ser julgado por
ninguém. O grande historiador das ideias eclesiológicas Jean-Yves Congar,
dominicano, considera a maior revolução acontecida na Igreja. De uma
Igreja-comunidade passou a ser uma instituição-sociedade monárquica e
absolutista, organizada de forma piramidal e que vem até os dias atuais.”
Artigo Completo, ::AQUI::
Comentários