O Fantástico e a adolescência entediada

“Uma vez mais, o programa Fantástico (TV Globo) fez chamada para um tema que, ao ser exibido, revelou o alto teor de suas habituais características: a superficialidade e a acriticidade.

Na edição que foi ao ar no domingo (23/11), um dos destaques dizia respeito ao perfil de uma "adolescência entediada". No transcorrer do programa, eis que a matéria anunciada vinha num bloco no qual, antes, figurava o "ônibus da menina do Fantástico", ou seja, mais uma "pesquisa nacional" à procura de novas "ninfetas" (ou "lolitas") que, cultura pedófila à parte, adiante, possam "embelezar" algum programa da emissora, seja em novelas, seja em outras edições de BBB. Após a tal matéria ("adolescência entediada"), veio, sob a condução de Regina Casé, pequena reportagem para demonstrar como as comunidades da periferia estão sendo integradas pelas novas tecnologias da informação e da imagem.

A condição de titular, há décadas, de um campo que aborda as relações entre "linguagens impressa e audiovisual" me confere a percepção clara quanto à sintaxe na qual se reuniram, por "lógica de edição e montagem", o encadeamento das três matérias.

Nivelando o padrão

Primeiramente, a emissora não acusa nenhuma perturbação ética por, ao longo do país, inocular em centenas (ou milhares) de adolescentes a expectativa de cada "jovenzinha" sonhar com a seleção entre as mais "belas" e "sedutoras". Ao final do bloco, a mesma emissora também não registra nenhum desconforto ante o fato de que comunidades carentes sejam "alimentadas" por "telas", em prejuízo de uma educação formal que não pode prescindir do conhecimento da "cultura letrada".
Ivo Lucchesi, Observatório da Imprensa
Artigo Completo, ::Aqui::

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