"O mundo está cheio de cinéfilos puristas. Em alguns lugares, eles se concentram mais do que
Nada tenho contra esses amores enciclopédicos, compulsivos e sistemáticos. Eu mesma, a meu modo, colecionei os meus queridos entre dezenas de títulos, todos devidamente catalogados por escola cinematográfica, diretor, fases de cada diretor. Mas nos últimos tempos, confesso que cansei um pouco. Resolvi cair de boca por um amor à antiga, pelo cinema, de simplesmente desejar a sala escura, quase que nem ver o que está em cartaz antes de comprar ingresso. Andei até dando um tempo para os diretores e suspirando pelos cantos pelo Louis Garrel. Que eu não seja confundida com a mocinha que vai ao cinema da cidade, louca para ver o galã e desanuviar do cotidiano triste, monótono e opressor, como a Cecília de A rosa púrpura do Cairo. Mas é que o Garrel, todo mundo há de convir, merece suspiros autônomos e independentes do diretor do filme, e é de lamentar profundamente que hoje seja tão mais difícil conseguir um cartaz bonito de publicidade do filme, com os atores, que valha a pena pendurar na parede do quarto. Mas divago; estava para falar do meu primeiro Noitão.”
Verônica Mambrini, Digestivo Cultural
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