Ambiguidades e azia

Sírio Possenti, Terra Magazine

Sobre azia

“A afirmação de Lula de que não lê jornais porque tem azia deixou muita gente da imprensa chateada. Até pareceu que repórteres e colunistas imaginavam que o presidente não vivia sem seus textos, que eles eram para Lula o que o primeiro café do dia é para muitos de nós. Mesmo os que vivem repetindo que ele não lê. Ora, se não lê, se sabem que não lê, por que esperavam que lesse os textos deles? Muita gente ficou chateada e baixou o porrete no homem. Achei a reação meio infantil. A imprensa, além de indispensável, é cheia de não-me-toques.

De minha parte, confesso que, muitas vezes, em finais de semana ou em viagens, quando poderia dormir um pouco mais ou, pelo menos, sair mais tarde da cama, levanto mesmo assim para ler jornais. É que minha azia nunca piora lendo, mesmo textos ruins (deriva da mistura, cada vez mais rara, de álcool, gordura e doce; nunca de notícias ou comentários).

Ao contrário, o jornalismo me diverte. Por exemplo, eu rio quando leio opiniões como a que comentei acima sobre a relevância do acento diferencial para a eliminação de ambigüidades. Meu humor, que é usualmente mais ou menos o mesmo pela manhã e durante o restante do dia, melhora muito com bobagens.

Meu estado de espírito melhora também com feitos noturnos do jornalismo - sim, também assisto a noticiosos da TV.

Dou exemplos: a Band cobriu em detalhes o pouso do avião no rio Hudson. Segundo jornal da emissora, o voo demorou quatro (4) minutos. Logo depois, vejo na Globo ainda mais detalhes, inclusive uma simulação e um mapa do voo, que, disse seu jornal, demorou seis (6) minutos (que o leitor considere, por favor, o que são dois minutos em um voo como esse!). Juro que acho engraçado. Agora, suponhamos que eu devesse tomar alguma decisão grave com base nestes noticiosos: não seria mesmo melhor ouvir os assessores ou pedir ajuda aos universitários?”
Artigo Completo, ::Aqui::

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