O funk no contexto da criminalização da pobreza

“A cultura emerge como arena da luta de classes, como um espaço de disputa por hegemonia e de formulação de visões de mundo contra-hegemônicas. E se hoje há um lugar de onde é possível pensar construções culturais contra-hegemônicas esse lugar é a periferia

A tarefa de criticar a indústria cultural torna-se, nesse cenário, fundamental para projetos políticos que se definam como anticapitalistas. No entanto, ela não deve se limitar a uma negação dessa indústria, mas também incluir a formulação de propostas e iniciativas que possam apresentar alternativas à cultura hegemônica ditada hoje pelo capitalismo. E se hoje há um lugar de onde é possível pensar construções culturais contra-hegemônicas esse lugar é a periferia.

Das artes que hoje emergem das periferias brasileiras, existe um fenômeno de massas que já deixou de ser somente carioca e se tornou nacional. Grito da favela, voz do morro cantando a liberdade, som da massa, o funk é um dos ritmos mais malditos da cultura popular brasileira. Seus detratores afirmam que o funk não é música, que seus cantores são desafinados, suas letras e melodias são pobres e simples cópias mal feitas de canções pop ou mesmo de cantigas tradicionais populares. Há ainda os que demonizam o batidão, associando-o à criminalidade, à violência urbana ou à dissolução moral. Ao criminalizarem o funk, e o estilo de vida daqueles que se identificam como funkeiros, os que hoje defendem sua proibição são os herdeiros históricos daqueles que perseguiam os batuques nas senzalas, nos fazendo ver, de modo contraditório, as potencialidades rebeldes do ritmo que vem das favelas.”
Adriana Facina e MC Leonardo
Artigo Completo, ::Aqui::

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