É tudo mentira

"Para nós, aqueles que limitam sua existência a meia dúzia de livros, a literatura — para total espanto — não é capaz de salvar.

Renata Miloni, LMD Brasil

Sabemos identificar as mais variadas ficções, reconhecemos e aceitamos detalhes de outras culturas reproduzidos nelas. Mas a forma como lidamos com a literatura quando a ficção está desligada, digamos, poderia mudar o leitor que somos? Tenho minhas dúvidas. Não falo só em leitor de livros mas da compreensão de mundo. A literatura nem sempre traduz quem realmente somos, a força está na tradução exata de como reagimos.

Levamos nossas reações enquanto leitores e comentadores literários, no meu humilde caso, a extremos. Reagimos à vida como se a ficção fosse a realidade e, daí, nascem as categorias de caráter (os tipos que nos rodeiam), texto (divisão do cotidiano em três ou quatro partes) e trama (o controle, ou falta de, que temos dessa junção).
Munidos de descrições precisas e julgamentos que somente nós validamos, pisamos em cada frase não para descobrir o que acontecerá, mas para confirmarmos que estávamos certos desde o início. É assim com um livro que não surpreende, de fácil leitura e cujo final já estava ali desde o começo, escancarado.

Usamos a literatura para basear opiniões, para seguir exemplos pessoais e, freqüentemente, enganar o inconsciente e analisar fatos que nós mesmos construímos. E ainda chamamos, num tom abaixo, tais feitos de geniais. Na ficção, eles sempre são. Arrancamos cada pedaço de onde repousamos nossas mãos para, depois, exibirmos como troféu de nossas aventuras. Assim fazem os personagens de nossos livros preferidos. Não de maneira tão clara, como é o jeito sábio.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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