Kierkegaard, o espião de Deus

Fernando Rego (In memoriam), Terra Magazine

“O tormento, a melancolia... os delírios acompanhados por uma verve irônica fizeram de Kierkegaard um dos personagens mais interessantes do universo filosófico e, ao mesmo tempo, um dos herdeiros do testamento socrático. Sua obra constitui-se em busca dolorosa, sofrida, em torno de si mesmo, na procura de afirmar-se como indivíduo. Tal escolha contrapunha-o diretamente à massificação - a pior das tiranias.

Ao morrer, aos 42 anos (1813-1855), o jornal satírico O Corsário perdeu seu alvo predileto; os trocistas de Copenhague, o motivo de suas pilhérias e os padres, o acusador da ignorância que proliferava no interior da Igreja. A nascente sociedade industrial tornara-se satisfeita, burguesa.
Os valores verdadeiramente humanos perderam o significado e o indivíduo viu-se esmagado pelo desejo da massa: o Império da multidão. Kierkegaard, por trazer 'espinho na carne' tornou-se, de tal império, o crítico feroz e irônico. Preocupa-se em mostrar a nudez - a multidão gera a ausência de arrependimento e atenua a responsabilidade dos indivíduos.

Em decorrência de sua atitude crítica à nascente sociedade burguesa, Kierkegaard aproxima-se de Marx e Nietzsche, apesar das radicais diferenças existentes entre eles: Marx, o arauto do proletariado como sujeito da história; Nietzsche, o rebelde envolto na própria solidão; Kierkegaard, o defensor da individualidade sob o ponto de vista cristão. Mas, para os três precursores da modernidade, um ponto existe em comum: o homem em busca da explicação da própria existência.”
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