Os trotes que nos rodeiam

Paulo Nassar, Terra Magazine

“O conceito de uma vida obsessivamente voltada para a produtividade, alta competitividade e alta performance - expresso na frieza dos números ou suavizado pela retórica da responsabilidade social e sustentabilidade - produz diariamente más notícias, que alimentam a crise financeira mundial, milhões de desempregados, quebra de empresas. Também resulta, de uma maneira ou de outra, naqueles fatos do cotidiano, que envolvem os amigos e suas famílias, os amigos dos amigos, alguém da vizinhança. Enfim, aquelas notícias, com gosto de terror, que dão a sensação de que cada um pode ser a próxima vítima do desemprego, do assalto, da perda de alguém ou algo querido por conta da brutalidade, descaso, ou qualquer pretexto que nomeie a estupidez.

Quer um exemplo, pinçado do noticiário que tece nossa trama de insegurança social?

Na última segunda-feira, o calouro Bruno César Ferreira, de medicina veterinária de uma universidade paulista, em Leme, quase não sobreviveu ao violento rito de trote, ministrado por quase uma classe de alunos veteranos. O ritualismo que lhe aplicaram teve diferentes momentos: ingestão excessiva de bebidas alcoólicas (que resultaram em coma alcoólico), "mergulho" em uma piscina de lona cheia de pedaços de animais em decomposição e fezes, e uma sessão de chibatadas. O caso faz lembrar as sessões de tortura e abuso sexual promovidas por militares norte-americanos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, em atmosfera adolescente - e insana - de quem está a produzir fotos para um site de relacionamento, sem responsabilidade, por nada, pela fama.”
Artigo Completo, ::Aqui::

Comentários

Adriano Godoy disse…
O mais lastimável é pensar que se antes de ingressarem no mercado de trabalho já são assim tratando os semelhantes, imagine depois ao tratar os concorrentes...

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