São Paulo: heterogenética cidade literária

Há uma história da literatura que se projeta na cidade de São Paulo; e há uma história da cidade de São Paulo que se projeta na literatura.”
(Antonio Candido)

Mauro Rosso, LMD Brasil

São Paulo, desde seus primórdios, sempre foi pólo fundamental da literatura brasileira. E a aura do pioneirismo sempre a acompanhou desde seus primórdios. Não surpreende, pois, que em São Paulo tenha nascido e se manifestado um dos momentos fundamentais da história cultural brasileira, o Modernismo. A cidade, já natural e sequencialmente pioneira em diversas manifestações literárias — desde os jesuítas, fundadores da Vila São Paulo de Piratininga, a 25 de janeiro de 1554 (não se pode esquecer que o Diálogo sobre a conversão do gentio, de Manuel da Nóbrega, é o primeiríssimo documento literário do Brasil, e o Auto da Pregação Universal, de José de Anchieta, a primeira peça de encenação teatral) —, o foi também, por exemplo, na precursora expressão poética do indianismo no poema “Nênia”, de Firmino Rodrigues Silva. Nela se deram ainda as realizações literárias iniciais de autores não paulistanos como José de Alencar, com seu “Como e por que me tornei romancista”, Castro Alves e seu “Navio negreiro”, Raimundo Corrêa com “Primavera”; nela ocorreu o primeiro movimento literário de vulto, não apenas em relação à cidade mas ao próprio País, em torno da Revista da Sociedade Filomática ,em 1830, constituída na então recém-criada Faculdade de Direito — a primeira manifestação de brasilidade literária por sua consciência de fins e coesão de esforços renovadores.

A cidade pioneira e precursora

A par da própria fundação da São Paulo de Piratininga, a existência literária da cidade teve na instalação da Companhia de Jesus e no movimento de catequese seu impulso original, por meio de obras de caráter semiliterário, destinadas precipuamente a desígnios pedagógicos e ecumênicos. Embora modestos, quanto a méritos artísticos, estéticos e literários, os textos compostos pelos jesuítas – com as obras de Manuel da Nóbrega e José de Anchieta – inauguram, no terreno propriamente literário, e não apenas documental, de informação, a história das letras no País, desde a mais antiga página literária brasileira, o Diálogo sobre a conversão do gentio, em 1557 ou 58. Os escritos de Nóbrega, por exemplo, formam um marco literário genuinamente produzido no Brasil: com a carta que noticia sua chegada ao território brasileiro, o padre inaugura, em 1549, a literatura informativa dos jesuítas: em suas cartas encontra-se o início da história do povo brasileiro, evidentemente sob o ponto de vista do catequizador.”

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