A carta do pai

Alberto Luiz Fonseca, Terra Magazine

“Filha, querida.

Tanta coisa... Hoje foi um dia cheio. Fogo. Tenho de cozinhar, arrumar a casinha, tudo aqui recai sobre mim. Claro, não há empregada por perto! Mal há o correio para que eu possa lhe enviar essas cartas, você sabe.

No entanto, e respondendo à sua pergunta na última carta, não, não sei quando voltarei a viver numa cidade grande.

Difícil, viver assim? É... Mas, eu odeio ainda mais as coisas da cidade, filha. Aqui tenho tranquilidade, nada me ocupa, fora do meu "horário de trabalho" doméstico.

Não tenho almoços, eventos noturnos. Todo meu tempo é meu, livre. Para eu fazer dele o que quiser: ler, passear, ver as estrelas. SIM! Temos belas estrelas aqui, lembra-se? (Você veio muito rápido, né, nem pôde passar a noite, pena.)

Aqui tudo fica quieto. Minha casa, que você chama de "cabaninha" desde quando veio me ver, é meu santuário. Não se compara com apartamento bacana da capital. Mas, e então? Vaidade. Temos tantas, né? A nossa mesma, que nos incomoda mais.

Mudando de assunto, e você, como vai? O Romeu, o Romerinho, como vão todos na nossa pequena família?

Olha, me lembrei de uma reflexão que tenho feito esses dias, que eu queria te contar. É sobre como viver a vida. Qual o melhor meio de viver a vida da gente? Esta pergunta está em todos os livros de auto-ajuda, certo?”
Enredo Completo, ::Aqui::

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