Crise (de vergonha na cara?)

Adriana Baggio, Digestivo cultural

“Você, com certeza, toma café, almoça e janta a tal da crise. Mas na opinião de um executivo das Casas Bahia (li isso no editorial do jornal do mercado publicitário Meio&Mensagem de 2 de fevereiro), as classes mais populares continuam consumindo porque não estão impactadas pelas notícias alarmantes. O assunto é abordado com mais profundidade em veículos/programas jornalísticos que teriam menos audiência nas classes C, D e E. Então, como "quando os olhos não veem, o coração não sente", o pessoal segue comprando.
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Já as classes mais abastadas e bem-informadas, mesmo que não estejam sentindo na prática os aguilhões da recessão cutucando o bolso, botam o pé no freio por prevenção. E, assim, o mercado sente a diminuição na compra de carros e vinhos importados, mas não na de feijão, arroz e geladeiras à prazo.

Passados quatro ou cinco meses do início da crise, já se começa a falar que ela não está tão forte. Alguns pensam que nem mesmo chegou por aqui. Parece aqueles furacões que desviam a rota antes de atingir determinada região. O problema com a crise é que ela não aparece nas imagens de satélite. E aí tudo cheira a especulação.

Será que a crise existe mesmo? Eu poderia dizer que sim porque, teoricamente, senti na pele. Um contrato definitivo de trabalho, em certa instituição de ensino de Curitiba, virou temporário. Nem dá para reclamar muito, se for comparar com os professores que estavam lá há anos e foram demitidos praticamente no fim do ano letivo, quando já era tarde para buscar emprego em outras faculdades. O motivo alegado, nem preciso falar: cortes para sobreviver à crise.

Com certeza existem situações em que as vendas foram afetadas, os prejuízos tomaram o lugar dos lucros, a sombra da bancarrota pairou sobre as cabeças. Porém, muita gente se questiona: a crise não acabou virando desculpa para algumas empresas tomarem certas medidas, que vão da demissão ao aumento de preços, e que teriam sido extremamente impopulares em um período de bonança?

Complexos cenários econômicos, impactados por variáveis inalcançáveis para a maior parte dos mortais, tornam difícil a um leigo ter uma opinião técnica sobre o assunto. Mas a gente pode traçar um paralelo com a vida pessoal, e aí fica mais fácil entender.”
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