Pão pra toda obra

Marcio Alemão, Carta Capital

"Passei muitas tardes de minha adolescência fazendo pães.

Lembrei disso porque na semana que passou comprei um pacote de farinha de centeio e, por vários dias, abri a geladeira e constatei que o fermento em tabletes lá estava. Eu só precisava pegar o fermento, misturar as farinhas, acrescentar água, sal e um pouco de açúcar, sovar, deixar descansar, trabalhar um pouco mais, formar o pão, esperar crescer mais uma vez e levar ao forno.

Nada complicado. Mas é um trabalho que exige tempo, paciência e, principalmente, vontade de fazê-lo. Ando sem o menor ânimo para fazer pão. E acredite: um bom pão caseiro não pode ser feito de qualquer jeito. O pão é um símbolo e tanto. Exige respeito. Nos tempos em que Zé Rodrix e um montão de gente queriam apenas uma casa no campo, fazer pão e arroz integral era o segundo passo. Acho que deu para entender que o primeiro era a aquisição da casa.

Ouvia muitas histórias nessa época. Era o tempo que a macrô fisgou Gil e Caetano. Nesse tempo passei boa parte das tardes de um verão em São Vicente (como era bonita a Ilha Porchat) a ler sobre o assunto.

Se é para ser sincero, vamos lá. Não lembro de absolutamente nada do que li. Era uma cruzada solitária. Nem me passou pela cabeça trocar alguma ideia com a minha mãe. Meu pai aparecia no fim de semana e imagino o que ele teria pensado se eu o abordasse dizendo que o arroz integral deveria fazer parte da família porque isso deixaria nossos chakras mais disponíveis. Meu irmão mais velho estava interessado em outro tipo de descoberta e alimentação.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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