"Mantendo um visual seguro, de mestre-de-cerimônias, Roberto Carlos fez o sexo ser ouvido alto nas salas dos lares brasileiros ou nos toca-cassetes dos carros já nos anos 70.
Marco Polli, LMD Brasil
O Brasil se orgulha de ser um país liberal, mas a verdade é que aqui perduram tabus fortes. Pensemos no tabu da leitura. Em um fim de semana qualquer, você até pode dar uma espiada nas pernas da esposa do amigo – se não for por muito tempo, até ele aceitará. Porém, se você fizer a desfaçatez de abrir um livro na frente de todo mundo e ficar lendo concentrado por mais de quinze minutos, uma linha moral será cruzada. É provável que você nunca recupere tal amizade. Esse é o motivo que faz as letras das músicas brasileiras serem tão sobrecarregadas de expectativas. Como quase ninguém lê, o nosso compositor acumula as funções de “intelectual francês”, poeta lírico, farol ideológico e guru espiritual.
Esse peso, claro, acaba sendo insustentável, como mostra a seleção a seguir:
1. De “Pra Ser Sincero”- Engenheiros do Hawaii
(Humberto Gessinger)
“Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos”
Seguindo essa lógica didática, Camões teria escrito que amor “é ferida que dói e não se sente / Mas dor pressupõe alguém sentindo”. E o livro de Drummond teria se chamado “Claro Enigma – mas se fosse claro, não seria enigma”.
2. De “Ele Me Deu Um Beijo Na Boca” – Caetano Veloso
“Ele me deu um beijo na boca e me disse
A vida é oca como a touca
De um bebê sem cabeça”
Gessinger adicionaria: “Mas bebês sem a cabeça não usam toucas”.
3. De “Saharienne” - Chico César
“Saharienne saharienne saharienne
Saravá Sarah Vaughan
Quem te escravisaurou”
Em uma corruptela concretista/joyceana, muitos compositores igualam escrever letras a achar trocadilhos. O próprio Chico César tem um disco chamado “Aos Vivos”.
Artigo Completo,::Aqui::
Marco Polli, LMD Brasil
O Brasil se orgulha de ser um país liberal, mas a verdade é que aqui perduram tabus fortes. Pensemos no tabu da leitura. Em um fim de semana qualquer, você até pode dar uma espiada nas pernas da esposa do amigo – se não for por muito tempo, até ele aceitará. Porém, se você fizer a desfaçatez de abrir um livro na frente de todo mundo e ficar lendo concentrado por mais de quinze minutos, uma linha moral será cruzada. É provável que você nunca recupere tal amizade. Esse é o motivo que faz as letras das músicas brasileiras serem tão sobrecarregadas de expectativas. Como quase ninguém lê, o nosso compositor acumula as funções de “intelectual francês”, poeta lírico, farol ideológico e guru espiritual.
Esse peso, claro, acaba sendo insustentável, como mostra a seleção a seguir:
1. De “Pra Ser Sincero”- Engenheiros do Hawaii
(Humberto Gessinger)
“Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos”
Seguindo essa lógica didática, Camões teria escrito que amor “é ferida que dói e não se sente / Mas dor pressupõe alguém sentindo”. E o livro de Drummond teria se chamado “Claro Enigma – mas se fosse claro, não seria enigma”.
2. De “Ele Me Deu Um Beijo Na Boca” – Caetano Veloso
“Ele me deu um beijo na boca e me disse
A vida é oca como a touca
De um bebê sem cabeça”
Gessinger adicionaria: “Mas bebês sem a cabeça não usam toucas”.
3. De “Saharienne” - Chico César
“Saharienne saharienne saharienne
Saravá Sarah Vaughan
Quem te escravisaurou”
Em uma corruptela concretista/joyceana, muitos compositores igualam escrever letras a achar trocadilhos. O próprio Chico César tem um disco chamado “Aos Vivos”.
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