Coisas da Política - A universidade e o conhecimento

Mauro Santayana, JB Online

“Na entrevista que concedeu ao jornalista David Leonhart, do New York Times, o presidente Barack Obama tocou em tema delicado na civilização atual: para que mesmo servem as universidades? Obama defende uma educação de qualidade, do jardim de infância ao fim do curso médio, que prepare as pessoas para a vida comunitária e o trabalho. As universidades devem ser centros de reflexão e de alta pesquisa. Ele deu o exemplo de seus avós maternos, que não fizeram a universidade, tiveram êxito em sua vida profissional e foram felizes. A avó, lembrou o presidente, escrevia melhor do que muitos de seus colegas na Faculdade de Direito da Universidade de Chicago, e, com um bom curso secundário, chegou a diretora de banco.

A graduação universitária, por si só, não garante o êxito profissional. O presidente lembrou que o desemprego entre os de formação universitária, em seu país, é três vezes superior aos que só têm o equivalente ao nosso segundo grau. Entre nós, os que não conseguem ocupação equivalente à sua formação são bem mais numerosos. Encontramos todos os dias egressos de universidades, em geral privadas, dirigindo táxis, jornalistas diplomados vendendo planos de saúde, bacharéis sem o exame da OAB vivendo de pequenos expedientes. Segundo o presidente, o mundo necessita de pessoas que sejam capazes de produzir durante a sua vida adulta, e que, para isso, bastam de 14 a 20 anos de boa escolaridade.

O ponto de vista de Obama é divulgado três dias depois que o mesmo jornal publicou instigante artigo do professor Mark C. Taylor, professor da Universidade de Columbia. Ele lamenta que as universidades estejam formando especialistas em coisas diminutas, pessoas que sabem o máximo sobre o mínimo. Conta que o melhor aluno de um de seus colegas fizera dissertação de mestrado sobre o método usado pelo filósofo medieval Duns Scotus a fim de escolher suas citações. Podemos acrescentar ao raciocínio de Taylor que, se a dissertação fosse sobre o pensamento do grande franciscano, que combinava a visão realista do mundo com a intransigente defesa da virgindade de Maria, já seria reduzir muito o campo de estudo. Ele poderia situar Scotus na razão escolástica do fim do século 13 – e ofereceria boa contribuição para o exame da história da filosofia cristã.”
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