O corpo como capital

Mirian Goldenberg (Antropóloga), JB Online

“Nos últimos anos, pesquisando homens e mulheres das camadas médias do Rio de Janeiro, elaborei uma ideia que venho discutindo em meus livros e palestras: no Brasil, o corpo é um verdadeiro capital. Determinado modelo de corpo, na cultura brasileira contemporânea, é uma riqueza, talvez a mais desejada pelos indivíduos das camadas médias urbanas e também das camadas mais pobres, que percebem seu corpo como um importante veículo de ascensão social e, também, um importante capital no mercado de trabalho, no mercado de casamento e no mercado sexual. Neste sentido, além de um capital físico, o corpo é, também, um capital simbólico, um capital econômico e um capital social. No entanto, é preciso ressaltar que este corpo capital não é um corpo qualquer. É um corpo que deve ser sempre sexy, jovem, magro e em boa forma. Um corpo conquistado por meio de um enorme investimento financeiro, muito trabalho e uma boa dose de sacrifício.

Ao analisar algumas das questões da minha atual pesquisa, fiquei surpresa com a recorrência da categoria "o corpo" nas respostas femininas e masculinas. Por exemplo, ao perguntar às mulheres: O que você mais inveja em uma mulher? Elas responderam: beleza em primeiro lugar, o corpo, em seguida, e inteligência em terceiro lugar. Quando perguntei aos homens: O que você mais inveja em um homem? Tive como respostas: inteligência, poder econômico, beleza e o corpo.

Em outra questão, perguntei às mulheres: O que mais te atrai em um homem? Elas responderam: inteligência e o corpo. Quando perguntei aos homens: O que mais te atrai em uma mulher? Encontrei: beleza, inteligência e o corpo. O corpo aparece ainda com maior destaque quando perguntei às mulheres: O que mais te atrai sexualmente em um homem? As respostas foram: tórax e o corpo. Para os homens: O que mais te atrai sexualmente em uma mulher? Tive: bunda e o corpo.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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