Agarrando-nos à nossa humanidade

Bob Herbert, The New York Times

"O excesso é um verdadeiro problema. Existe o risco de que até mesmo a pessoa mais decente do mundo possa ficar entorpecida diante dos relatos infindáveis de atrocidades ocorridas por todo o mundo. Estupros em massa. Assassinatos em massa. Tortura. Opressão institucionalizada das mulheres.

Existem outras coisas no mundo: um esporte, a formatura da sua filha, o balé. A tendência a levantar uma impenetrável cortina psíquica contra o pior que o mundo tem a oferecer é compreensível. Porém, é uma tendência, como alertou Elie Wiesel, que deve ser combatida.

Temos a obrigação de ouvir, por exemplo, quando uma mulher de uma cultura alheia à nossa relembra o momento quando o tempo parou para ela, quando ela estava no meio de um grupo de mulheres atacadas por soldados:

"Eles nos disseram: 'Se você tem um bebê atrás de você, deixe-nos ver'. Os soldados olharam os bebês e, se era um menino, eles o matavam ali mesmo (com tiros). Se fosse uma menina, eles a jogavam no chão. Se a menina morresse, estava morta. Se não morresse, as mães tinham a permissão de pegá-la e ficar com ela".

A mulher lembrou que, naquele momento, o tipo de momento palpitante quando o tempo não só para, como se perde, quando para de ter significado, uma avó levava um menino nas costas. A avó se recusou a mostrar a criança aos soldados, então ela e o menino foram baleados.

Uma equipe de pesquisadoras, três delas médicas, viajou para o Chade, no último outono, para entrevistar mulheres refugiadas do pesadelo em Darfur. Quando me contaram sobre o relatório que o grupo havia compilado para o Médicos pelos Direitos Humanos, meu primeiro pensamento foi: "Ainda há algo para ser dito?"
UOL, Internacional
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