Carolina Maria de Jesus: Literatura e profecia na favela

Maria Clara Lucchetti Bingemer, Adital

“Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, Estado de Minas Gerais, cidade onde viveu sua infância e adolescência. Era filha de negros que, provavelmente, migraram do Desemboque para Sacramento quando da mudança da economia da extração de ouro para as atividades agropecuárias.

Carolina não se casou e foi mãe de três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus Lima. Migrou para São Paulo em 1947, em busca de vida melhor, indo morar na extinta favela do Canindé, na zona norte da cidade. Trabalhou como doméstica, contudo não se adaptou e tornou-se catadora de papel até sua morte. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62 anos e foi sepultada no Cemitério da Vila Cipó, cerca de 40 km do centro de São Paulo.

Quem lê a escrita sensível e poética de Carolina não imagina como sua escolaridade formal foi parca e resultado de muita luta. Foi matriculada em 1923, no Colégio Allan Kardec, primeiro escola espírita do Brasil. Ali estudou pouco mais de dois anos graças à generosidade de uma benfeitora, Maria Leite Monteiro de Barros, para quem sua mãe trabalhava como lavadeira. Toda sua educação formal na leitura e escrita advém deste pouco tempo de estudos.

Até aqui temos uma história que poderia ser a de qualquer outra mulher brasileira pobre: negra, semialfabetizada, favelada, como tantas que existem pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe - a paixão de Carolina Maria de Jesus pela leitura e pela escrita. Isso fez toda a diferença em sua vida. Dividia seu tempo entre catar papel, cuidar dos filhos e escrever. E sua escrita acabou sendo documento importante e parte fundamental da literatura de denúncia feita pela mulher, objeto de estudo e pesquisa por todos aqueles que desejam conhecer o verdadeiro Brasil que se esconde através das fachadas das elites.”
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