A mídia no Brasil

Maria Rosa de Miranda Coutinho, Adital

“Este texto na verdade deveria ser uma crônica relatando o dia de um cidadão brasileiro cercado pelos diferentes meios de comunicação social.

Então eu deveria iniciar escrevendo na primeira pessoa sobre os telejornais desde os da manhã que já me dão bom dia anunciando entre as manchetes relevantes como economia e política, a "passeata dos solteiros encalhados" ou as intermináveis homenagens aos profissionais e cidadãos de classe média e alta que morreram no vôo 447 rumo a Paris. A tragédia não me deixou indiferente a esse sofrimento. Contudo, senti falta das informações sobre as centenas de pessoas que morreram no norte e nordeste, vítimas das enchentes, provocadas pela natureza e pela incompetência de quem projetou a barragem em Cocal, Pernambuco, por exemplo.

Depois, pensei há algumas semanas que a sociedade, guardiã dos preconceitos, pudesse se inspirar em "Suzan". A mulher que surgiu na internet, de "aparência feia", "mal vestida", da Escócia (não de Hollywood) dona de uma voz espetacular. De repente descubro pela mesma mídia que a endeusou por sua utilidade comercial, que a pobre só sabe cantar três músicas, e que é "doente mental". O fenômeno perdeu a graça e restou a curiosidade dos que acompanharam os programas televisivos em saber se os seus surtos eram frequentes.

O jeito foi abrir o jornal de São Paulo e percebi que por pouco o jogador Ronaldo não ganha a primeira página por ter feito um gol "de chapéu", "parecido com o de Pelé nos anos de glória". Confesso que pensei logo nos gols de placa que homens e mulheres fazem todos os dias no Brasil com seu salário mínimo. Pode parecer um trocadilho bobo, mas não pude evitar que isso me viesse à mente.

Digerindo as novelas, a maioria "sem pé nem cabeça" como diriam grandes escritores de imemoráveis peças teatrais, restou-me a estupidez dos programas de auditório que não são nada mais que formadores de opiniões equivocadas e de comportamentos ridículos para um cidadão decente, onde o chamado "animador" numa linguagem vulgar e imprópria para a comunicação social se sente no direito de hostilizar os colaboradores de palco (mesmo que seja uma criança), representantes da platéia, inclusive o tele-espectador que inebriado pela "autoridade" da emissora, legitima as bestialidades ditas, adotando para si certos critérios de escolhas e valores ali estabelecidos.”
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