Laranjeira Nhanderu: o espírito do despejo de volta

É de cortar a alma ver mais de duas dezenas de olhares irem entristecendo, vagando nas imagens da provável paisagem do despejo e sofrimento na beira da estrada

Egon Heck, Brasil de Fato

BR 163, município de Rio Brilhante. O barraco de dona Gloria vai se ficando cheio de ansiosos Kaiowá Guarani da comunidade de Laranjeira Nhanderu. Véspera de mais um dia de despejo anunciado. Dr. Adriana está no telefone explicando à comunidade a situação, com algumas nuanças e possibilidades do ponto de vista jurídico, mas cujo cenário mais provável poderá ser o despejo da comunidade pela polícia a partir do dia 26. “Isso poderá acontecer a qualquer momento, uma vez que a decisão da reintegração está vigorando. Ainda existe possibilidade de reverter o quadro com o julgamento de uma ação pelo Tribunal Regional 3ª região no dia de amanhã. Mas é apenas uma probabilidade” e concluiu em tom realista “Temos que estar preparados para tudo”.

É de cortar a alma ver mais de duas dezenas de olhares irem entristecendo, vagando nas imagens da provável paisagem do despejo e sofrimento na beira da estrada. Parece que um pesadelo envolveu aqueles seres curtidos na dor e resistência, sem nunca perder a esperança. A iminência do despejo é um punhal que está sob suas costas. Ficam quietos,pensativos.

Naquele final de tarde de 26 de maio a comunidade de Laranjeira Nhanderu pensava que desta vez haviam afastado o dragão do despejo. A Funai tinha mais 90 dias para entregar à justiça o relatório de identificação da terra indígena. Eles iriam cobrar diariamente o empenho do órgão indigenista. Esta por sua vez foi intimada a apresentar relatórios quinzenais à justiça. Parece que nada adiantou. Passou-se o tempo e o fantasma do despejo está de volta. Hoje expira o prazo. Novos dias de angustia e sofrimento.”
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