A Mulher Invisível ou a literatura como salvação

Elisa Andrade Buzzo, Digestivo Cultural

“De que maneira um filme que parece não ter nada a ver com literatura alude ao ato de escrever? E mais, insere a escrita como uma espécie de salvação, redenção das desilusões e entendimento de si mesmo no turbilhão da vida. Nada disso foi deliberadamente explorado, nem foi motivo da bilheteria razoável, já que o filme foi o mais visto no Brasil por algumas semanas em junho (é desleal competir com Harry Potter 6 e A Era do Gelo 3). Antes, o longa segue de certo modo a linha da comédia rápida, estilo telenovela de Se eu fosse você (2006) e Se eu fosse você 2 (2009), embora haja um duplo apelo, corporal e filosófico ― simbolizado pela mulher invisível, Amanda (Luana Piovani) ― e o enredo seja mais tortuoso do que suportariam centenas de capítulos.

Fui assistir A Mulher Invisível (2009), dirigido por Cláudio Torres, sem grandes expectativas, aguardando nada muito além do que um filme engraçado e com uma boa atuação do Selton Mello. Acabei me deparando com uma história de escrita/imaginação que foi aparecendo aos poucos, atravancada com uma personagem aparentemente secundária, Vitória (Maria Manoella), vizinha que é apaixonada por Pedro (Selton Mello), um controlador de tráfego com ilusões românticas, que sonha em ter filhos e uma vida comum e tranquila ao lado da esposa (Maria Luiza Mendonça). Esta é tão insignificante que, ao que me lembre, nem nome tem e só aparece no início do longa-metragem, momento em que abandona o marido de repente, avisando-o de que está grávida e o pai, naturalmente, não é ele.

Não é à toa que Pedro cai numa depressão profunda e o melhor amigo Carlos (Vladimir Brichta) ― inicialmente fazendo papel de garanhão ― insiste em reanimá-lo com festas e boates. Até que, quando chega ao fundo do poço, Pedro atende a campainha de seu apartamento: não, ainda não é Vitória, é Amanda, uma outra vizinha que lhe pede uma xícara de açúcar, e a partir daí toma conta de sua vida. Amanda é tão "perfeita" quanto a imaginação de um homem comum criaria uma mulher: sensual, gosta de futebol, cozinha e não encana com suas escapadelas. Invisível, ela é a concretização da mulher ideal. Apenas Pedro não se dá conta de que ela não existe materialmente, o que vai gerar diversas situações cômicas.”
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