Sequestro de festim

Edival Lourenço, Revista Bula

“Aquela sexta — feira se apresentava para nós com tudo normal. O que tinha de acontecer estava bem definido em nossas agendas. Em nossa rotina não restavam espaços para imprevistos. Saí cedo para uma sessão na dentista e de lá fui até o centro da cidade onde ocuparia a manhã com meus afazeres de voluntário numa entidade sem fins lucrativos. Minha mulher resolveu ficar em casa, no silêncio da manhã, concentrada no desenvolvimento de uma coleção de moda para a próxima estação.

Mal cheguei ao trabalho e meu celular tocou. Era minha mulher, num desespero de sitiada numa casa em chamas: sequestraram nossa filha, ela disse.

A turbulência que me envolveu era mais terrível que as trombetas de Jericó. Acho que derrubaria um Boing. Mas, mesmo com o coração batendo os cascos na garganta, tentei manter a pose de quem detinha a situação sob controle.

— Deve ser trote, eu disse. A bandidagem tá fazendo muito isso.

— Dessa vez não é trote, não. Eles puseram ela pra falar comigo. Ela estava desesperada, pedindo pelo amor de Deus!

Já saindo do prédio para pegar o carro, continuei a conversa com minha mulher, numa tentativa de assegurar os mútuos amparos.

— Mas como foi que aconteceu? — eu quis saber.

— Assim que você saiu, nossa filha me ligou dizendo que queria saber se eu estava em casa. Ela estaria passando em meia hora.

Passaram duas horas e ela não apareceu. Preocupada, liguei no celular dela. Chamou até cair na caixa de mensagens. Liguei de novo e nada. De repente meu celular tocou, a cobrar. Era um homem ríspido, cheio de gírias. Ele bradou que haviam pego minha filha, que ela usava um carro preto. Queriam resgate. Se a gente não pagasse ou chamasse a polícia eles matariam ela. Puseram ela pra falar comigo e ela pediu pelo amor de Deus que...”
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