Algo no ar além dos aviões de combate

A impressão que se tem, de fora da caixa-preta das decisões estratégicas, é que “alguém”, “algum grupo”, no interior do Estado brasileiro, tomou a pulso reordenar alinhamentos estratégicos tradicionais, afastando-nos mais dos Estados Unidos e nos aproximando mais... de nós mesmos.

Flávio Aguiar, Carta Maior

A recente decisão do governo brasileiro sobre a compra dos aviões Rafale da francesa Dessault aviação levantou muita poeira e deixo no ar algumas questões tão interessantes quanto inadiáveis.

Não resta dúvida de que há uma pequena corrida armamentista na América do Sul. O Chile andou modernizando sua frota de blindados, a Venezuela andou fechando acordos com a Rússia e a Colômbia deixou a região com os cabelos em pé de guerra com sua cessão de bases militares para os Estados Unidos, ou pelo menos para a presença de militares norte-americanos. Um pouco antes disso tudo já houvera o embroglio do veto dos Estados Unidos à venda de aviões da Embraer para a Venezuela, por usarem tecnologia norte-americana.

Diante de tudo isso não é surpreendente que o Brasil tenha buscado outra fonte de tecnologia para suas forças armadas. A França, desejosa de empurrar a Dessault para cima nesta época bicuda de crise, apareceu como uma hipótese razoável.

A justificativa para tal medida que, na verdade, vai envolver as três armas, envolve tanto a Amazônia, quanto o controle sobre o Atlântico, ainda mais em tempo de “o pré-sal é nosso”. Deve-se lamentar a corrida armamentista, ainda que de pequena monta diante do que ocorre em outros quadrantes, mas deve-se reconhecer que este é o mundo em que vivemos. Dos quatro países do BRIC, o Brasil é o único de relevância militar menor, para não dizer insignificante, fora de suas fronteiras, embora tenha mostrado grande mobilidade do Atlântico quando da crise provocada pela tragédia do avião da Air France.

Mas o aspecto mais relevante de tudo isso aponta para o futuro. A impressão que se tem, de fora da caixa-preta das decisões estratégicas, é que “alguém”, “algum grupo”, no interior do Estado brasileiro tomou a pulso reordenar alinhamentos estratégicos tradicionais, afastando-nos mais dos Estados Unidos e nos aproximando mais... de nós mesmos, e de uma posição mais independente em todos os planos.”
Foto: Caça Rafale
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