Apenas um rapaz latinoamericano

Eberth Vêncio, Revista Bula

“Por causa da avidez e eficiência dos meios de comunicação, tem-se a impressão que a violência aumenta dia a dia. Uma vez que nos encontramos mais “evoluídos” (do ponto de vista tecnológico e científico), é possível que se trate de uma falsa impressão. Antes do advento do rádio e da TV, a maldade não era tão “pop” assim.
Já escrevi a respeito do tema tantas vezes que temo ser repetitivo.

Mas, como o assunto fomenta em mim uma descrença que beira o ateísmo, só encontro algum consolo extravasando ao teclado do computador, quando vejo uma criança brincando, ou quando ouço boa música.

Dois eventos recentes levaram-me a escrever esta crônica. Foram situações vividas em lugares diferentes, países distintos, o “velho mundo” versus “a nação emergente”... Episódios exemplares das transgressões moral e física.

Tenho uma irmã que é professora universitária numa instituição pública federal. A teimosa decidiu ser cientista no Brasil, missão pra lá de custosa num país que costuma desprezar os mestres, os professores, os intelectuais, os artistas eruditos, a educação de uma forma em geral, para endeusar os ícones da banalidade. A moça estudou além da conta: graduou-se em Odontologia (cinco anos), fez Mestrado no interior de São Paulo (dois anos), Doutorado na Alemanha (quatro anos) e, atualmente, peleja num tal Pós-doutorado.

Neste ano, a professora quarentona aterrissou em Berlim e principiou os estudos numa das maiores entidades de pesquisa do planeta, renomada instituição de ensino. Decorridos quatro meses de trabalho com afinco, ela foi vítima de racismo e intolerância por parte do seu orientador, um alemão adepto das piadinhas abjetas e das difamações envolvendo estrangeiros, principalmente asiáticos e latinoamericanos.

Orgulho ferido numa zombaria feita em público, a moça subiu nas tamancas verde-amarelas e retrucou, desafiando o sujeito. Ainda que ela fizesse a sua réplica com reservas, conforme recomenda o bom senso quando lidamos com alguém “superior” que, momentaneamente, detém o “poder”, o sujeito passou a tratá-la com velado desprezo e arrogância, dedicando-lhe uma pressão emocional e psicológica que surtiu resultado: ela abandonou Berlim.”
Artigo Completo, ::Aqui::

Comentários

Marcos Elias disse…
Um belo texto.

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