A nova ameaça golpista do burguês fidalgo

A mentalidade reacionária, que financiou os crimes hediondos perpetrados pelos ainda impunes facínoras da Operação Bandeirantes, continua vívida e predominante nas entranhas da nata econômico-financeira da sociedade brasileira”

Osvaldo Martins Rizzo, Congresso em Foco

A sociedade é composta de duas classes: os que têm mais jantares do que apetite e os que têm mais apetite que jantares
(Sébastien-Roch Chamfort, século XVIII)

A democracia brasileira sempre esteve ameaçada pela vocação golpista da classe dominante nacional, zelosa da mantença dos seus privilégios seculares, ainda que por meios violentos.

Entusiasmado no discurso de entrega da faixa presidencial ao seu sucessor Jânio, o ex-presidente Juscelino declarou consolidada a democracia no Brasil. O desenvolvimentista mineiro jamais esteve tão enganado, pois, meses depois, o udenista paulista renunciaria ao cargo, e a alta burguesia arquitetou uma ação antidemocrática contra a legítima posse do vice-presidente, o progressista Jango.

O engenheiro Leonel Brizola, outro desenvolvimentista, liderou a resistência democrática aos golpistas distribuindo armas ao politizado povo gaúcho. Sobre o fato, o ex-deputado Moniz Bandeira escreveu: “Só um filho do povo, que nunca renegou suas origens, podia armar o povo. Desde a Revolução Mexicana, na segunda década do século XX, nenhum outro político latino-americano, dentro de uma sociedade burguesa, ousou tomar semelhante iniciativa. Esse gesto jacobino de Brizola as classes dominantes nunca perdoaram”.

Todavia, o poder econômico só permitiu que Jango governasse como o enfraquecido presidente do regime parlamentarista do primeiro ministro Tancredo Neves, o confiável. Um plebiscito restituiu todos os poderes presidenciais a Goulart. Inconformada com a plebiscitária escolha popular, a amotinada burguesia induziu os militares a golpearem, com a violência dos canhões, a frágil democracia brasileira apeando do poder o gaúcho legalmente eleito. Jango, um rico estancieiro, foi rotulado de comunista pelo incendiário udenista Carlos Lacerda.

Após atear fogo ao prédio que abrigava a União Nacional dos Estudantes (UNE), e se divertindo vendo jovens pulando o muro dos fundos para não morrerem queimados, a fidalga burguesia moradora da Zona Sul carioca, das varandas dos seus luxuosos apartamentos com vista para o mar, alegremente comemorou o fim da democracia bebendo champanhe francês, jogando confetes e berrando: “Agora o dólar vai baixar!”. Satirizando e denunciando a instauração da mentira no território nacional, o compositor Juca Chaves ironizou cantando: “E quando o feijão dá sumiço e o dólar se perde de vista, o Globo diz que tudo isso é culpa de comunista”.
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